Belarus, aliada de Moscou, autoriza o uso de armas nucleares e põe a Europa em alerta

Decisão surge meses após o país concordar em abrigar armas nucleares táticas de Vladimir Putin em meio à guerra da Ucrânia

Em anúncio feito na terça-feira (16), Belarus, aliada de primeira ordem da Rússia, disse que modificou sua doutrina militar, permitindo pela primeira vez o uso de armas nucleares. A decisão, ocorrida meses após o país concordar em abrigar armas nucleares táticas de Vladimir Putin, disparou alarmes em toda a Europa. As informações são da revista Newsweek.

A alteração no manual também ampliou a preocupação internacional, especialmente devido à proximidade de Belarus com países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Polônia, Letônia e Lituânia, desencadeando uma controvérsia regional.

Durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, o ministro da Defesa belarusso, Viktor Khrenin, salientou que a mudança na doutrina militar representa um “novo capítulo” para o país, que não possui armas nucleares próprias. Ele afirmou que Minsk está comunicando “de forma clara” suas posições sobre o uso de armas nucleares táticas em seu território, definindo assim as obrigações aliadas para com seus parceiros.

O ministro da Defesa belarusso, Viktor Khrenin, cumprimenta seu homônimo russo Sergei Shoigu em fotografia de 2021 (Foto: WikiCommons)

O secretário do Conselho de Segurança, Alexander Volfovich, explicou que a presença de armas nucleares russas Belarus visa “dissuadir a agressão por parte da Polônia”, membro da Otan. Ele destacou que declarações dos vizinhos, principalmente de Varsóvia, “motivaram” o reforço na doutrina militar, repercutiu o site Defense News.

Apesar de não ter participado diretamente do conflito, Belarus tem apoiado a Rússia de várias formas ao longo dos quase dois anos de conflito com a Ucrânia. A fronteira do país, situada a apenas 225 quilômetros da capital ucraniana, Kiev, foi trampolim da invasão russa iniciada a partir do norte em fevereiro de 2022.

A Rússia anunciou que manterá o controle das armas nucleares em Belarus, projetadas para uso em campo de batalha, com alcances e rendimentos relativamente baixos. O presidente Alexander Lukashenko não divulgou mais detalhes sobre a quantidade ou locais específicos de implantação na ocasião.

Sem hesitar

Em maio de 2023, Moscou e Minsk assinaram acordos que permitem a implantação de armas nucleares táticas russas no território de Belarus. Foi a primeira vez, desde o colapso da União Soviética, que ogivas nucleares passaram a ser realocadas para fora da Rússia.

O anúncio provocou críticas imediatas de governos ao redor do mundo, com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) descrevendo-o como “perigoso e irresponsável”. Embora os Estados Unidos tenham criticado essa ação, tanto eles quanto a aliança militar não revisaram suas posições em relação a armas nucleares estratégicas.

Apesar das declarações de altos funcionários russos de que Moscou manterá o controle sobre as armas nucleares táticas após sua transferência para Belarus, Lukashenko afirmou que não hesitaria em utilizá-las em caso de agressão contra seu país, embora esperasse nunca ter que tomar tal decisão, de acordo com a agência de notícias estatal BelTA.

No início deste ano, Putin anunciou a intenção de implantar armas nucleares de curto alcance em Belarus, um aliado próximo da Rússia. A ação foi amplamente interpretada como um sinal para o Ocidente, especialmente em resposta ao aumento do apoio militar do Ocidente à Ucrânia.

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