O governo da Hungria anunciou na terça-feira (24) que manterá o veto a um reembolso que deveria ser pago a países da União Europeia (UE) que forneceram munição à Ucrânia. O objetivo é manter o bloqueio da verba até que Kiev libere a passagem de petróleo russo por seu território. As informações são da agência Reuters.
O dinheiro é proveniente do Fundo Europeu de Apoio à Paz (EPF, na sigla em inglês), criado em 2021 para reembolsar países que venham a fornecer munições a nações aliadas. Porém, há mais de um ano Budapeste bloqueia os pagamentos, sob argumentos diversos. O mais recente é o de que o corte no fornecimento de petróleo proveniente da Rússia a prejudica.
No caso, o petróleo fornecido pela russa LukOil chegava a países do Leste Europeu através do oleoduto Druzhba. O fluxo vinha sendo mantido até o início deste mês, quando foi interrompido por decisão do governo ucraniano, já que os dutos passam pelo território do país.
A Eslováquia igualmente protestou, enquanto a Hungria afirma que não tem como manter o funcionamento pleno de suas refinarias sem o combustível russo.

“Enquanto essa questão não for resolvida pela Ucrânia, todos devem esquecer o pagamento de 6,5 bilhões de euros de compensação do Fundo Europeu de Apoio à Paz pelas transferências de armas”, disse o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, segundo a emissora ATV.
A Ucrânia, entretanto, alega que sua decisão não causa nenhum prejuízo a húngaros e eslovacos. Embora confirme o bloqueio do fluxo da LukOil, Kiev alega que o Druzhba também atende a outros fornecedores, que compensam as perdas e assim permitem a manutenção do volume normal.
A Hungria entrou em choque com a UE desde o início da guerra da Ucrânia. O primeiro-ministro Viktor Orbán é um aliado do presidente russo Vladimir Putin e contesta o apoio que o bloco tem dado a Kiev na guerra, razão pela qual chegou a usar seu poder de veto para atrasar a entrega de ajuda financeira aos ucranianos.
Punição “infantil”
Atualmente, a Hungria ocupa a presidência rotativa da UE, mas nem isso impede o bloco de punir seu membro mais problemático. De acordo com a rede BBC, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, decidiu na segunda-feira (22) que a Hungria não terá o direito de sediar a próxima rodada de reuniões de ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países-membros.
A decisão foi uma reação ao recente encontro de Orbán com Putin, com Borrell argumentando que é necessário “enviar um sinal, mesmo que seja um sinal simbólico.” Budapeste, por sua vez, reagiu à decisão com ironia, classificando-a como “infantil”.
As reuniões ocorrem a cada seis meses, seguindo a rotatividade da presidência do bloco, e a sede é sempre o país que lidera a UE no momento. A próxima edição está marcada para acontecer entre 28 e 30 de agosto e deveria ser em Budapeste, mas Borrell anunciou que ocorrerá em Bruxelas, na Bélgica.