Ameaça de veto húngaro não se consolida e Ucrânia terá auxílio de 50 bilhões de euros

Kiev alega que o pacote 'evita uma catástrofe financeira', pois teria dificuldades para pagar salários e aposentadorias sem ele

Apesar dos receios de bloqueio por parte do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) concordaram em fornecer um novo pacote de apoio de 50 bilhões de euros para a Ucrânia, que teve sua economia devastada pela guerra. O acordo foi selado após Budapeste recuar em suas ameaças de veto, segundo informações da agência Associated Press.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu (CE), anunciou a decisão, destacando que o acordo garante “financiamento estável e de longo prazo para Kiev”, demonstrando o comprometimento da UE em liderar o apoio ao país em meio à guerra, que neste mês completará dois anos.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou a decisão “muito importante”. O país invadido pelas forças russas poderá receber a primeira parcela dos fundos em março, após a aprovação do acordo pelo Parlamento Europeu.

A bandeira da União Europeia no Parlamento Europeu, em Bruxelas, ainda com a estrela do Reino Unido, em junho de 2013 (Foto: European Union/Pietro Naj-Oleari)

A retirada surpreendente do veto pela Hungria contrastou com suas objeções anteriores e ameaças de bloqueio em dezembro. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, opôs-se ao pacote de ajuda financeira e tem enfrentado disputas com a Comissão Europeia devido a acusações de retrocesso democrático na Hungria, resultando na retenção de parte de seus próprios fundos.

Ouvido pela revista Newsweek, Oleksandr Merezhko, membro do parlamento ucraniano e presidente do comitê de assuntos externos, celebrou a aprovação da UE, considerando-a uma boa notícia para Kiev. Ele ressaltou que, sem essa ajuda financeira, o governo ucraniano teria dificuldades para pagar salários e aposentadorias, destacando a importância do suporte para “evitar uma catástrofe financeira”.

Merezhko observou que Orbán não arriscou desafiar toda a UE, visto que isso poderia prejudicar ainda mais sua reputação. Ele enfatizou que, caso o premiê húngaro bloqueasse a ajuda à Ucrânia, “ficaria claro que ele é um político pró-Putin”, o que resultaria em um escândalo entre os Estados-membros do bloco.

Ainda assim, o parlamentar expressou a expectativa de que Orbán continuará a adotar práticas políticas questionáveis. Ele ressaltou a necessidade de interromper a chantagem por parte do líder nacionalista linha-dura, esperando que a UE e seus membros estejam cansados de seu “comportamento provocativo” e tomem as medidas necessárias.

Enquanto isso, Orbán considerou a decisão uma “vitória”, afirmando em um vídeo no Facebook que um mecanismo de revisão vinculado ao pacote de financiamento “garantirá o uso racional dos fundos” e que o dinheiro da UE negado a Budapeste não seria destinado à Ucrânia.

“Estávamos preocupados que o dinheiro da UE devido aos húngaros, que a Comissão ainda não nos deu, acabasse mais cedo ou mais tarde na Ucrânia”, disse. “Recebemos a garantia de que o dinheiro da Hungria não será transferido para a Ucrânia.”

Na entrada da reunião, líderes criticaram Orbán, acusando-o de chantagem e jogos políticos. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, expressou frustração com o comportamento “muito estranho e muito egoísta” de Viktor Orbán.

Além disso, há preocupação no bloco com a possibilidade de o apoio público para continuar ajudando a Ucrânia diminuir, mesmo com o risco de uma vitória das forças de Vladimir Putin ameaçando a segurança na Europa.

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