O empresário russo Artem Uss, preso em outubro na Itália a pedido da Justiça norte-americana, teve moção aprovada por um tribunal de apelações em Milão para extraditá-lo para os EUA, onde pode pegar até 30 anos de prisão. Uss, de 41 anos, é filho do governador do território de Krasnoyarsk e é acusado, junto com outros quatro cidadãos russos, de suposta evasão de sanções e lavagem de dinheiro. As informações são da rede Radio Free Europe.
Uss é suspeito de compra ilegal de tecnologia militar em violação das sanções contra a Rússia, revenda ilegal de petróleo no mercado negro e lavagem de milhões de dólares.
Agora, a Justiça italiana reconheceu as acusações contestadas de contrabando de petróleo da Venezuela para China e Rússia, bem como a evasão de sanções e fraude bancária.
Antes disso, um tribunal de Moscou emitiu um mandado de prisão contra Uss, acusando-o de lavagem de dinheiro. Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, chegou a declarar: “As missões diplomáticas russas farão o possível para proteger os interesses de Uss, detido na Itália”.
A medida parecia destinada a impedir sua extradição para os Estados Unidos. O empresário pediu para ser entregue às autoridades russas em janeiro.
O esquema
A Procuradoria dos EUA disse em outubro que outro suspeito no caso contra Uss, Yury Orekhov, foi preso na Alemanha. Segundo os investigadores, Uss e Orekhov eram coproprietários da empresa de fachada Nord-Deutsche Industrieanlagenbau GmbH (NDA GmbH), registrada em Hamburgo. Por meio dela, foi adquirida tecnologia militar de fabricantes norte-americanos, incluindo semicondutores e microprocessadores utilizados em caças, sistemas de mísseis, radares e satélites.
As compras foram entregues a empresas russas, incluindo algumas sob sanções dos EUA, como a Radioavtomatika, a Radioexport e a Abtornix. Alguns desses itens inclusive foram encontrados em veículos russos capturados durante os combates na Ucrânia.
A investigação conduzida pelos EUA também acredita que Orekhov e Uss usaram a NDA GmbH como fachada para contrabandear centenas de milhões de barris de petróleo venezuelano para Moscou e Beijing. Entre esses compradores estava uma empresa russa de alumínio controlada por um oligarca sancionado, Oleg Deripaska.
Deripaska, que chamou a guerra de Putin de “loucura”, teve seu complexo hoteleiro de US$ 1 bilhão e sua marina na cidade de Sochi apreendidos em dezembro após o Kremlin ter pedido a ele para “se acalmar” e cessar as críticas ao conflito.
Troca de prisioneiros
A defesa de Uss argumenta que Washington quer usar um russo para uma futura troca de prisioneiros com Moscou, como o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, condenado na Rússia por espionagem.
Whelan, condenado em 2020 a 16 anos por espionagem, afirma que é inocente e que sua prisão foi armada quando estava em Moscou em 2018 para comparecer ao casamento de um amigo. Os EUA afirmam que o tratamento ao ex-fuzileiro na prisão foi “terrível”.