O notório traficante de armas Viktor Bout teria retomado suas atividades menos de dois anos após ser libertado da custódia dos EUA, como parte de uma troca de prisioneiros pela estrela da WNBA Brittney Griner. O russo está de volta ao balcão de negócios, tentando entregar armamentos leves para os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irã no Iêmen. As informações são do Wall Street Journal (WSJ).
De acordo com a reportagem, em agosto, quando representantes Houthis foram a Moscou para negociar a compra de armas no valor de US$ 10 milhões, eles se reuniram com Bout, conhecido como o “Mercador da Morte” de Vladimir Putin.
Após o fim da Guerra Fria, o ex-oficial de inteligência soviético e poliglota começou a traficar armas, adquirindo vastos estoques de equipamentos militares excedentes da era soviética. Ele expandiu seu comércio, transformando-o em um negócio global lucrativo, gerando centenas de milhões de dólares com a venda de armas para grupos militantes na África, Ásia e Américas.

Viktor Bout, conhecido por seus supostos clientes, que incluem o grupo terrorista Al-Qaeda, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e até governos ocidentais, ganhou o apelido de “Destruidor de Sanções” por sua habilidade de driblar sanções comerciais. Sua trajetória inspirou o filme de 2005 com Nicolas Cage, ‘O Senhor das Armas’.
Considerado um dos homens mais procurados do mundo, Bout foi preso na Tailândia em 2008 em uma operação conjunta da Polícia Real Tailandesa e da agência antidrogas dos Estados Unidos, Drug Enforcement Administration (DEA). Em 2012, ele foi condenado por tráfico de armas para terroristas em um tribunal federal de Manhattan e sentenciado a 25 anos de prisão.
De acordo com o WSJ, citando uma autoridade de segurança europeia e outras fontes familiarizadas com a reunião de agosto em Moscou, a compra de armas pelos Houthis foi relativamente modesta, consistindo em armas automáticas, como AK-74s, que podem começar a ser entregues ainda este mês sob a cobertura de remessas de alimentos.
Os representantes Houthis também perguntaram sobre a possibilidade de adquirir outras armas, como mísseis antitanque e sistemas antiaéreos, embora não haja evidências de que Bout esteja envolvido nesses acordos, segundo as fontes da reportagem.
No entanto, até mesmo um carregamento pequeno provocaria a ira de Washington, uma vez que os Houthis foram novamente incluídos na lista de grupos “terroristas globais” dos EUA em janeiro. Isso ocorreu após uma série de ataques do grupo a navios mercantes no Mar Vermelho, que os Houthis alegam serem um protesto contra a guerra entre Israel e Hamas, na qual o governo dos EUA enviou bilhões de dólares em armas para as Forças de Defesa de Israel (IDF).
Os Houthis também reivindicaram recentemente a responsabilidade por tentativas de ataques com drones em cidades israelenses, que foram interceptadas pelas defesas aéreas de Israel.
O WSJ observou que a Rússia tem mantido seu envolvimento no conflito do Oriente Médio restrito, e fornecer armas a uma das partes em conflito representaria uma escalada significativa.
Viktor Bout, que afirmou ter uma foto de Putin em sua cela de prisão e é um defensor ardoroso da invasão da Ucrânia pela Rússia, foi eleito para uma cadeira na legislatura local no ano passado.
Após ser libertado da custódia dos EUA, ele demonstrou simpatia por Brittney Griner, que foi condenada a nove anos em um campo de trabalho pelas autoridades russas devido à descoberta de cartuchos de óleo de cannabis em sua bagagem, uma punição considerada deliberadamente severa.