Na mira da UE, Belarus ajuda a Rússia a driblar sanções e assim equipa o exército de Putin

União Europeia prepara novas punições contra Minsk, que Moscou usa como porta de entrada para bens ocidentais proibidos

Belarus teve papel-chave no início da guerra da Ucrânia, permitindo à Rússia acumular tropas em seu território e usá-lo para a invasão de fevereiro de 2022. O país, que já era alvo de sanções devido ao autoritarismo de seu presidente, Alexander Lukashenko, passou a ser punido com mais rigor conforme os EUA e a União Europeia (UE) lideravam os vetos voltados a enfraquecer militarmente Moscou. Tais punições, porém, têm sido insuficientes para coibir o apoio de Minsk ao aliado, que tem recebido inclusive bens de dupla utilização pela fronteira belarussa.

De acordo com o jornal Financial Times (FT), a UE pretende apertar o cerco contra Belarus e vem debatendo novas e mais duras sanções. O país tem sido usado pelo governo russo para driblar as proibições, passando pelo território belarusso carros de luxo e outros artigos ocidentais cuja venda à Rússia foi proibida. Na lista de compras do Kremlin estão os tais bens de dupla utilização, equipamentos que podem ser usados também com finalidade militar.

Encontro entre Alexander Lukashenko e Vladimir Putin em 2015 (Foto: Wikimedia Commons)

Um texto estabelecendo um pacote de novas punições comerciais foi visto pelo FT e tem como principal objetivo coibir o papel de Belarus na evasão de sanções pela Rússia. Assim, a venda de equipamentos de tecnologia e até de gás natural para o país governado por Lukashenko seria proibida. Claro, a medida alcançaria qualquer item que possa ter emprego militar.

Um dos focos da medida, porém, não tem qualquer relação com as Força Armadas. A UE pretende impedir a entrada em Belarus de carros de luxo e outros artigos bastante cobiçados por oligarcas e outros aliados de Putin.

“As pessoas ao redor de Lukashenko que tinham ligações com a Rússia foram grandes beneficiárias disso. Eles estavam enriquecendo. Também sabemos que é assim que os bens de luxo chegam à Rússia, através de Belarus”, disse Vytis Jurkonis, diretor de projetos do think tank Freedom House, sediado na Lituânia.

O próprio Putin chegou a tocar no assunto em maio de 2022, dizendo que os russos que têm condições financeiras achariam uma forma de burlar as sanções. “Vai ser um pouco mais caro para eles”, projetou o presidente na ocasião. “Mas são pessoas que já dirigiram Mercedes 600 e ainda o farão. Posso garantir que os trarão de qualquer lugar, de qualquer país.”

O fluxo de veículos e peças automobilísticas de países-membros do bloco europeu para Belarus saltou de US$ 50 milhões em janeiro de 2022 para US$ 268 milhões em janeiro deste ano. Os dois principais vendedores são Alemanha e Polônia, transformando a importação de carros de luxo no principal artigo da balança comercial UE-Minsk.

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