Alexei Navalny, o principal nome da oposição na Rússia e em greve de fome desde o dia 1º, denunciou que os guardas prisionais tentam interromper o seu protesto ao fritar grandes quantidades de alimentos na sua frente – sobretudo pão e frango.
Os agentes penitenciários também estariam colocando “doces” nos bolsos dos uniformes deixados na cela com o político. “Eu sabia que as autoridades iriam querer desacreditar a greve de fome e ridicularizá-la. Mas a abordagem primitiva é surpreendente”, escreveu, em carta divulgada no seu Instagram.
Navalny cumpre dois anos e meio de prisão na penitenciária de Pokrov, próxima a Moscou. A greve de fome se deve à falta de atendimento médico adequado após relatar dores agudas nas costas e dormência nas pernas.
Conforme os advogados, Navalny foi diagnosticado com duas hérnias espinhais. Com a doença, ele está perdendo a sensibilidade das mãos e dos pés. Em seu relato, o político afirma que só lhe é permitido ir à cozinha tomar água quando as câmeras estão gravando. A mídia estatal russa já classificou a greve de fome de Navalny como uma “farsa”.
Adoecimento
O político quase morreu após uma tentativa de envenenamento por novichok em agosto de 2020. Ele passou meses em recuperação na Alemanha, motivo pelo qual foi sentenciado à prisão. Conforme a Justiça russa, Navalny violou os termos da liberdade condicional por peculato, acusado ainda em 2014.
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeita a condenação, a que define como “ilegal”, enquanto Navalny a classifica como “forjada”.
A prisão de Navalny já desencadeou uma crise diplomática entre a UE (União Europeia) e a Rússia. Enquanto isso, o serviço penitenciário russo afirmou que examinou Navalny. “Saúde satisfatória”, diz a nota.