Navalny recomenda ‘voto inteligente’ nas eleições russas para desmoralizar Putin

Estratégia poderá servir para diminuir o domínio do partido governista, Rússia Unida, derrotando figuras ligadas ao presidente Putin

Uma das principais vozes críticas ao Kremlin e atualmente na prisão, Alexei Navalny, por meio de seus advogados, pediu aos eleitores russos nesta quinta-feira (19) para que usem uma estratégia de votação tática nas eleições parlamentares do mês que vem, informou o jornal britânico The Guardian.

De acordo com o oposicionista, o método poderá servir para diminuir o domínio político do partido governista, Rússia Unida, derrotando figuras ligadas ao presidente Vladimir Putin no pleito parlamentar.

A campanha consiste em incentivar que os seguidores de Navalny apoiem o candidato que tiver a melhor chance de derrotar a Rússia Unida em suas regiões de votação. Os aliados do opositor preso estão proibidos de participar das eleições de setembro, e a tendência é que os apoiadores de Putin vençam, apesar de uma visível queda nos índices de popularidade.

Principal opositor do presidente Vladimir Putin, Navalny atualmente está preso em Moscou (Foto: @navalny/Reprodução Instagram)

Em uma publicação no Instagram nesta quinta, exatamente um mês antes das eleições, Navalny novamente chamou a sigla de situação Rússia Unida de “um partido de canalhas e ladrões” que “tem medo de nosso voto inteligente”.

Tal estratégia é tida como uma das últimas ferramentas que Navalny e seus aliados têm à disposição depois que o Roskomnadzor, órgão regulador da internet e dos meios de comunicação, tirou do ar a página navalny.com e outras 48 pertencentes a pessoas e organizações ligadas ao opositor, declaradas pela Justiça como “extremistas”.

“Eles declararam extremistas metade do país, para agarrar todos os constituintes”, escreveu Navalny no post, publicado um dia antes do primeiro aniversário de atentado contra ele que vários laboratórios no mundo disseram ser envenamento por novichok – prática comum contra dissidentes russos.

Já nesta sexta-feira (20), data em que o episódio da tentativa de assassinato completou um ano, um post na conta oficial de Navalny fez um agradecimento à “corrupção”:

“Ela [a corrupção] fez um papel importante no meu resgate. Depois de desmontarem todos os aparelhos estatais da Rússia, eles não puderam deixar de desmontar os serviços especiais. E o nível de operações secretas que temos é o mesmo que os cuidados de saúde, educação e habitação”, ironizou.

Por que isso importa?

Em 19 de setembro, a Rússia votará para escolher os membros da câmara baixa do parlamento russo, a Duma. Serão eleitos 39 parlamentares e nove governadores regionais.

Navalny espera reduzir a margem de vitória do Rússia Unida e causar um possível constrangimento em locais como Moscou e São Petersburgo, onde o sentimento anti-governista é mais evidente na população.

Na corrida para a votação, o Kremlin reprimiu figuras políticas da oposição e a mídia independente, enquanto a popularidade do Rússia Unida e de Putin diminuía em meio aos esforços para lidar com uma economia fragilizada pela pandemia e anos de contínuas sanções.

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