OMS reivindica acesso para que doentes e feridos recebam atendimento na Ucrânia

Partes do conflito continuam sem permitir corredores humanitários para a entrega segura de assistência a populações vulneráveis

A OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu um apelo urgente nesta sexta-feira (8) para ter acesso a pessoas doentes e feridas na guerra na Ucrânia, incluindo “centenas” de vítimas de minas terrestres, “bebês prematuros, mulheres grávidas e idosos, muitos dos quais foram deixado para trás”.

Mais de quatro meses e meio desde a invasão da Rússia, civis continuam sendo alvos de explosões e ataques com mísseis, principalmente em cidades do leste, como Donetsk, Sloviansk, Makiivka, Oleksandrivka e Yasynuvata, mas também em oblasts do sul, como Odessa e Mykolaiv.

Altos funcionários da ONU há muito pedem que corredores humanitários sejam estabelecidos para permitir a entrega segura e constante de assistência a populações extremamente vulneráveis ​​na Ucrânia. Mas o Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) tem frequentemente sinalizado que o acesso em muitos lugares continua perigoso ou está bloqueado.

“Tenho certeza de que, assim que houver corredores, estaremos lá”, disse Dorit Nitzan, gerente de incidentes de crise da OMS na Ucrânia.

A situação perigosa continua a dificultar as operações de ajuda que salvam vidas, de acordo com a OMS, que descreveu como os serviços médicos em muitos lugares estão agora “seriamente sobrecarregados”.

Jovem ucraniano de 13 anos se recupera de cirurgia em hospital de Lysychansk em meio à guerra (Foto: Lviv Territorial Medical Union Hospital)

Falando de Odessa, Nitzan alertou que outros que precisam de ajuda imediata incluem aqueles com doenças crônicas, mas evitáveis.

“As pessoas que não podiam receber diagnóstico e tratamento precoces para o câncer agora têm tumores muito mais avançados e doenças mais críticas”, disse ela. “Pessoas que não puderam receber medicamentos para hipertensão agora têm problemas cardíacos ou sofreram derrames. Há diabéticos que não puderam receber tratamento e cuja doença agora é grave”.

O papel vital das ONGs

Nitzan destacou o papel crucial desempenhado pelas autoridades, organizações sem fins lucrativos e voluntários na entrega de medicamentos e itens de socorro em nome da OMS, quando esta não consegue obter um acordo para fazê-lo. “Nós não temos acesso a todas as áreas. Muitas áreas estão sob fogo, sob ataque”, disse.

Os especialistas da OMS ainda precisam de acesso aos pacientes para avaliar suas necessidades, dar conselhos e assistência. “As pessoas foram incapacitadas de todas as maneiras”, declarou a gerente, apontando para aqueles cuja audição ou visão foram danificadas em ataques de bombardeio e outros que sofreram queimaduras ou tiveram seus membros amputados depois de pisar em minas terrestres.

“Se não pudermos ir com os especialistas aos hospitais, às pessoas, aos necessitados, realmente não podemos fazer o melhor dos trabalhos”, disse ela. “Então, o que estamos pedindo é para ter corredores humanitários que nos permitam intervir e cuidar dos necessitados”.

Trauma mental

Além de atender às necessidades imediatas de saúde física, a OMS observou suas sérias preocupações com o trauma mental da guerra e o “medo, tristeza e incerteza” que ela criou.

De acordo com a última atualização humanitária, enquanto o leste da Ucrânia responde pela maior parte da guerra ativa, mais ataques com mísseis e baixas foram relatados na última semana em várias outras regiões. Estes incluem os oblasts do leste de Kharkiv e do oeste de Khmelnytski, onde civis e infraestrutura civil foram fortemente impactados.

Comunidades no sul e no leste estão enfrentando crescente insegurança alimentar, particularmente onde intensos combates os deixaram sem acesso às linhas de abastecimento, alertou Thomson Phiri, do PMA (Programa Mundial de Alimentos).

“Uma em cada três famílias na Ucrânia tem insegurança alimentar, aumentando para uma em cada duas no leste e no sul”, disse Phiri, que acrescentou que a distribuição de alimentos ou dinheiro do PMA atingiu 2,6 milhões de pessoas no mês passado.

As últimas estimativas do governo ucraniano indicam que 25 mil quilômetros de estradas e mais de 300 pontes foram danificadas ou destruídas desde 24 de fevereiro. Outras infraestruturas críticas em todo o país também foram atingidas, totalizando US$ 95 bilhões em danos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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