Oposição russa convoca protesto pela libertação de Alexei Navalny

Aliados buscam realizar o maior protesto já visto na Rússia; cadastro reuniu 100 mil nomes logo após lançamento

A oposição russa convocou uma grande manifestação pela libertação de Alexei Navalny, detido desde janeiro. Em comunicado lançado nesta terça (23). O objetivo, apurou a Associated Press, é reunir 500 mil manifestantes em diversas cidades do país.

A data ainda não está definida. “O comício seria o maior que a Rússia já viu”, diz o texto. Mais de 100 mil pessoas assinaram o cadastro para a manifestação em poucas horas após seu início.

Navalny foi preso em 17 de janeiro, assim que chegou a Moscou após meses de recuperação na Alemanha. Ele foi levado ao país após sofrer uma tentativa de envenenamento por novichok, em agosto de 2020.

Oposição russa convoca grande protesto pela libertação de Alexei Navalny
O líder opositor russo, Alexey Navalny, em pronunciamento em maio de 2013 (Foto: Evgeny Feldman/ Novaya Gazeta)

Em fevereiro, autoridades russas condenaram o político a dois anos e meio de prisão por “violar os termos da liberdade condicional” enquanto estava na Alemanha. A sentença está ligada a uma condenação por peculato de 2014 – tida como forjada por Navalny e rejeitada como “ilegal” pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Desde a prisão, uma série de protestos movimentou diversas cidades da Rússia. Em uma das movimentações, forças policiais detiveram cerca de 11 mil pessoas – a maioria multada ou condenada a penas de prisão de sete a 15 dias.

Diversos líderes políticos do país aderiram às manifestações e estão em prisão domiciliar e Moscou endureceu sua posição sobre os apoiadores de Navalny após as sanções da UE (União Europeia) e EUA. “Interferência ilegal e inadmissível nos assuntos internos da Rússia”, classificou o Kremlin.

O envenenamento

Alexei Navalny se destacou pela organização de grandes protestos na Rússia, expôs esquemas de corrupção do governo e empresas russas através das redes sociais e em publicações como o blog “LiveJournal” e “RosPil”.

O Kremlin o proibiu de concorrer a cargos políticos após ter sido condenado criminalmente em 2013, em uma sentença considerada por Navalny como “forjada”.

Navalny sentiu os primeiros sintomas do envenenamento por novichok durante um voo para Moscou em 20 de agosto de 2020. O avião onde estava precisou fazer um pouso de emergência na cidade de Omsk, na Sibéria.

O tratamento de Navalny em um hospital de Berlim gerou um princípio de crise diplomática entre a Alemanha e a Rússia, enquanto a imprensa russa noticiava que o político havia passado mal “por ser alcoólatra”. O Kremlin nega envolvimento na tentativa de assassinato.

A equipe de Navalny confirmou que o político está preso na penitenciária de Pokrov, a 85 quilômetros de Moscou.

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