Orbán faz discurso inflamado contra a UE e convoca os húngaros para ‘ocupar Bruxelas’

Premiê da Hungria fala de olho na eleição parlamentar do bloco, em junho, e firma sua posição como aliado de Moscou

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, fez um discurso inflamado nesta sexta-feira (15) em Budapeste, convocando seus seguidores para “ocupar Bruxelas”, sede da União Europeia (UE), por conta das eleições parlamentares do bloco agendadas para junho. As informações são da agência Associated Press (AP).

A relação entre o político de extrema direita e o bloco europeu azedou de vez no último ano, conforme a UE manifestou preocupação com o retrocesso democrático e a corrupção na Hungria. Orbán respondeu com seu poder de veto, obstruindo temporariamente um pacote de ajuda à Ucrânia e a adesão da Suécia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Orbán na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, outubro de 2023 (Foto: consilium.europa.eu)

Com vistas às eleições parlamentares da UE, em junho, ele vem fortalecendo sua imagem como um dos porta-vozes da direita europeia, que tende a ganhar mais espaço no bloco.

“Se quisermos preservar a liberdade e a soberania da Hungria, não temos escolha: temos de ocupar Bruxelas”, disse ele no discurso que marcou o feriado da Revolução de 1948 no país. “Bruxelas não é o primeiro império que põe os olhos na Hungria.”

Orbán ainda usou a expressão “mundo ocidental” ao se referir aos demais países da UE, optando definitivamente pelo confronto e colocando-se firme ao lado da Rússia como rival das lideranças do bloco.

“Eles iniciam guerras, destroem mundos, redesenham as fronteiras dos países e pastam tudo como gafanhotos”, disse o premiê em referência ao Ocidente. “Nós, húngaros, vivemos de forma diferente e queremos viver de forma diferente.”

Embora os EUA não tenham sido o foco do discurso, a relação com Washington também é ruim. Na quinta-feira (14), o embaixador norte-americano em Budapeste, David Pressman, disse que o comportamento de Orbán compromete a parceria com a Otan, por conta da relação “estreita e crescente” que ele mantém com a Rússia, segundo o jornal The New York Times.

Ainda segundo Pressman, o governo de Orbán “rotula e trata os Estados Unidos como um ‘adversário’, ao mesmo tempo que faz escolhas políticas que o isolam cada vez mais de amigos e aliados.”

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