A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou, na terça-feira (14), o lançamento da missão Baltic Sentry, uma operação destinada a proteger cabos submarinos no Mar Báltico. A decisão surge após uma série de incidentes que elevaram preocupações sobre sabotagem e espionagem russa na região, considerada estratégica para a segurança e economia global. As informações são da Associated Press.
De acordo com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, a nova missão contará com fragatas, aeronaves de patrulha marítima e drones navais, que serão empregados para intensificar a vigilância e aumentar a dissuasão.
“Vimos elementos de uma campanha para desestabilizar nossas sociedades por meio de ataques cibernéticos, tentativas de assassinato e sabotagem, incluindo possível dano a cabos submarinos no Mar Báltico”, afirmou Rutte durante reunião em Helsinque com líderes das nações bálticas.

A importância dos cabos submarinos
Rutte destacou que mais de 95% do tráfego de Internet global depende de cabos submarinos, que também movimentam cerca de US$ 10 trilhões em transações financeiras diárias por meio de uma rede de 1,3 milhão de quilômetros de extensão. Essa infraestrutura crítica tem sido alvo de preocupações crescentes, dado o potencial impacto de ataques ou sabotagens.
Frota sombra
Enquanto os líderes se reuniam na capital finlandesa, a emissora estatal polonesa TVP World relatou a presença de um navio da chamada “frota sombra” russa próximo a um gasoduto que conecta a Noruega à Polônia. No entanto, as autoridades militares polonesas desmentiram o incidente. Essa frota é composta por petroleiros antigos, frequentemente acusados de contornar sanções internacionais e sustentar a receita petrolífera da Rússia, o que gera preocupação entre os países europeus.
Rutte reforçou que a Otan não tolerará ataques à infraestrutura crítica de seus membros e alertou que a aliança está preparada para reagir. “Faremos tudo ao nosso alcance para monitorar, reagir e prevenir novas ameaças”.
Resposta coordenada
Participaram do encontro representantes da Finlândia, Alemanha, Polônia, Dinamarca, Suécia, Letônia, Lituânia e Estônia. Em declaração conjunta, os países bálticos afirmaram que, conforme o direito internacional, tomarão medidas contra embarcações suspeitas de ameaçar a segurança, infraestrutura ou meio ambiente da região. Eles também condenaram o uso da frota sombra, classificando-a como uma “ameaça significativa” tanto à segurança marítima quanto ao financiamento da guerra russa contra a Ucrânia.
Os líderes também prometeram avançar em soluções tecnológicas para monitoramento e vigilância, além de reforçar parcerias com operadores de infraestrutura e empresas de tecnologia. “Estamos comprometidos em explorar novas formas legais de lidar com esses desafios e intensificar o compartilhamento de informações”, declararam.
Contribuições da Alemanha e Suécia
O chanceler alemão Olaf Scholz confirmou a participação do país na Baltic Sentry, afirmando que a Alemanha utilizará suas capacidades navais conforme as possibilidades de implantação. Já a Suécia anunciou que poderá disponibilizar até três navios de guerra para reforçar a presença da Otan no Mar Báltico e proteger a infraestrutura submarina.
Rutte evitou fornecer detalhes específicos sobre o número de recursos que serão empregados, afirmando que a variabilidade semanal dos meios utilizados visa evitar que informações estratégicas sejam reveladas ao inimigo. “Utilizaremos todas as capacidades que temos como aliança”, concluiu o secretário-geral.