A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiu intensificar suas operações no Mar Báltico com o envio de 10 navios extras para proteger a infraestrutura submarina essencial da região. A decisão ocorre após uma série de incidentes que levantaram suspeitas de sabotagem em cabos de energia e comunicação submersos, estruturas vitais para as economias e a segurança digital dos países da aliança. As informações são da Newsweek.
Nos últimos meses, vários cabos submarinos foram danificados ou desconectados, gerando preocupação entre os países-membros da Otan. O Mar Báltico, frequentemente chamado de “lago da Otan” devido ao predomínio de Estados aliados em suas margens, também abriga a presença estratégica da Rússia, principalmente por meio de seu enclave de Kaliningrado.
Especialistas alertam que os cabos submarinos, responsáveis por 99% do tráfego global de dados, são alvos vulneráveis em um cenário de guerra híbrida.

Ações da Otan
De acordo com a emissora finlandesa YLE, a nova frota da aliança atlântica permanecerá na região por até quatro meses, com início das operações previsto para esta semana. A missão tem como objetivo dissuadir possíveis sabotadores e facilitar uma resposta rápida a eventuais incidentes. No entanto, os navios da aliança não possuem autoridade para bloquear o tráfego em águas internacionais, o que representa um desafio extra para a operação.
Enquanto isso, o Reino Unido lidera uma iniciativa inovadora que utiliza inteligência artificial para monitorar ameaças e rastrear embarcações suspeitas. Entre elas estão os navios da chamada “frota paralela” russa, utilizados para contornar sanções internacionais. “Navios identificados como parte dessa frota foram registrados em nosso sistema e serão monitorados de perto ao se aproximarem de áreas críticas”, afirmou o Ministério da Defesa britânico.
Crescente tensão no Báltico
Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022, a segurança na região do Mar Báltico tem sido abalada por incidentes envolvendo cabos e oleodutos. Em dezembro, o cabo de alta tensão Estlink 2, que conecta a Finlândia e a Estônia, foi interrompido, e um petroleiro russo, o Eagle S, foi detido sob suspeita de envolvimento. Autoridades finlandesas recuperaram uma âncora na área que, segundo investigações preliminares, pode estar relacionada aos danos.
Além disso, em novembro, dois cabos submarinos foram danificados em rápida sucessão, incluindo o cabo C-Lion 1, que conecta a Finlândia à Alemanha. Este também foi alvo de reparos recentes. Embora a funcionalidade dos cabos tenha sido restaurada, as investigações continuam, com empresas de telecomunicações e governos exigindo maior rigor na apuração dos fatos.
Mistérios e preocupações
Casos anteriores, como a destruição dos gasodutos Nord Stream em 2022 e danos a outros oleodutos e cabos em 2023, permanecem sem uma explicação definitiva. A suspeita de que atores estatais ou não-estatais possam estar envolvidos alimenta debates sobre a vulnerabilidade das infraestruturas submarinas e a necessidade de estratégias mais eficazes de proteção.
O ministro da Defesa da Finlândia, Antti Häkkänen, destacou que o monitoramento na região será intensificado em parceria com a Força Expedicionária Conjunta (JEF, da sigla em inglês), liderada pelo Reino Unido. “Nosso objetivo é identificar embarcações suspeitas antes que elas se aproximem de áreas críticas”, afirmou.
A proteção de cabos submarinos e oleodutos no Mar Báltico tornou-se uma prioridade estratégica para a Otan, mas também um desafio global. Invisíveis aos olhos do público, essas estruturas sustentam grande parte da conectividade moderna e, ao mesmo tempo, permanecem expostas a ataques.