O Twitter deletou a afirmação polêmica do ex-primeiro-ministro da Malásia, Mahathir bin Mohamad, menos de 10 horas depois da publicação. De acordo com a rede social, a mensagem viola as regras da comunidade.
Em um texto sobre o assassinato de um professor francês no dia 16, morto após mostrar charges do profeta Maomé em aula sobre liberdade expressão, Mahathir afirmou que muçulmanos “têm o direito” de matar franceses pelo histórico de massacres dos ocidentais ao longo da história.
A afirmação está em um texto publicado no blog pessoal do político malaio nesta quinta-feira (29).

“Os muçulmanos têm o direito de ficar com raiva e matar milhões de franceses pelos massacres do passado”, escreveu ele. “Mas, em geral, os muçulmanos não aplicaram a lei do ‘olho por olho’. Em vez disso, os franceses deveriam ensinar o seu povo a respeitar os sentimentos dos outros”.
Mahatir deixou o cargo de primeiro-ministro da Malásia em março deste ano. Depois que o tweet foi deletado pela rede, o político repostou o conteúdo sem o trecho polêmico. O texto na íntegra, contudo, permanece em seu site.
But by and large the Muslims have not applied the “eye for an eye” law. Muslims don’t. The French shouldn’t. Instead the French should teach their people to respect other people’s feelings.
— Dr Mahathir Mohamad (@chedetofficial) October 29, 2020
Liberdade de expressão
“O assassinato não é um ato que eu, como muçulmano, aprovaria”, disse ele no mesmo documento. “Mas, embora acredite na liberdade expressão, não acho que inclua insultar outras pessoas”.
O professor Samuel Pety foi morto a tiros e depois decapitado após deixar a escola na comunidade francesa de Conflans Sainte-Honorine. Ao mostrar charges da divindade islâmica, Pety teria citado o o caso do jornal francês “Charlie Hebdo” e o massacre contra sua redação, em em janeiro de 2015.
O ataque ocorreu após a publicação de uma ilustração considerada ofensiva à religião muçulmana. Para os mais religiosos, qualquer representação do Profeta Maomé é uma blasfêmia.
Mahatir também se refere ao presidente francês, Emmanuel Macron, a quem chama de “não-civilizado”. “Ele é muito primitivo em culpar a religião do Islã e dos muçulmanos pelo assassinato do professor insultuoso”, afirmou o ex-premiê.
Macron não respondeu diretamente ao político malaio. No mesmo dia, o presidente francês emitiu diversas mensagens no Twitter sobre o ataque a faca que matou três pessoas na cidade francesa de Nice. O caso é investigado como um atentado terrorista.