Polonês é a terceira autoridade a admitir o possível envio de tropas da Otan à Ucrânia

Ministro das Relações Exteriores diz que a possibilidade de os soldados da aliança entrarem na guerra 'não é impensável'

A presença de tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Ucrânia, para apoiar as forças locais na guerra contra a Rússia, “não é impensável”. Quem diz é o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, terceira autoridade da aliança a sugerir tal possibilidade. As informações são da agência Associated Press (AP).

A manifestação da autoridade polonesa aconteceu na última sexta-feira (7), durante cerimônia no parlamento local que marcou os 25 anos da adesão do país à Otan. A fala de Sikorski foi ainda compartilhada pelo perfil do Ministério na rede social X, antigo Twitter.

“A presença de forças da Otan na Ucrânia não é impensável. Agradeço a iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron, porque se trata de Putin ter medo, não de termos medo de Putin”, disse o polonês, segundo a postagem.

No texto, ele se referiu a uma declaração semelhante de Macron, que no final de fevereiro afirmou que o envio de tropas da aliança para a Ucrânia de fato foi ventilado.

“Não há consenso hoje sobre enviar tropas oficiais e endossadas para o terreno. Mas, em termos de dinâmica, nada pode ser descartado”, disse o presidente francês, segundo a AP. “Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa vencer a guerra.”

O ministro das relações exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski (Foto: Martin Lahousse/WikiCommons)

Quem também sugeriu tal possibilidade, dando início ao debate, foi o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico. Na oportunidade, a sugestão do eslovaco de que a Otan cogitava entrar na guerra foi recebida com desconfiança, dado o histórico do chefe de Estado.

Fico é notório opositor da ajuda oferecida a Kiev pela Otan, da qual a Eslováquia é parte. Visto como um simpatizante de Moscou na aliança, a fala dele foi encarada inicialmente como uma possível tentativa de fortalecer a retórica russa de que enfrenta não apenas Kiev, mas também o Ocidente. Logo na sequência, porém, Macron mostrou que a projeção do líder estoniano foi precisa.

Moscou não demorou a responder. De acordo com Sergei Naryshkin, chefe do SVR (Serviço de Inteligência Estrangeira, da sigla em inglês) da Rússia, Macron mostrou que “a capacidade das atuais elites da Europa e do Atlântico Norte para negociar está num nível muito baixo.”

Naryshkin declarou ainda que a sugestão do líder francês é “extremamente perigosa” e expõe “o elevado grau de irresponsabilidade política dos líderes europeus de hoje.”

Quanto à fala de Sikorski, segue na contramão do que seu governo afirmou anteriormente. Por conta da manifestação de Macron, o primeiro-ministro Donald Tusk disse no mês passado que o país dele “não planeja enviar suas tropas à Ucrânia”, enquanto o presidente Andrzej Duda declarou que “não houve acordo sobre o assunto” quando este foi debatido pelos membros da aliança.

Dentro da Otan, a possibilidade de enviar tropas é vista como uma alternativa à redução do apoio dos EUA à Ucrânia. Um pacote de US$ 95 bilhões de ajuda a Kiev, Israel e Taiwan está travado no Congresso norte-americano, com o Partido Republicano reticente em manter o mesmo nível de suporte aos ucranianos do início da guerra.

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