Polônia prende dois russos acusados de recrutar para o Wagner Group no país

Acusados de espionagem, os indivíduos tinham em seu poder material de divulgação do grupo mercenário ligado a Moscou

O governo da Polônia anunciou nesta segunda-feira (14) a detenção de dois homens, sob a acusação de espionagem, por distribuírem material de recrutamento do Wagner Group, organização paramilitar privada russa cuja presença em Belarus levou Varsóvia a aumentar o alerta de segurança na fronteira. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

“A ABW (Agência de Segurança Interna, da sigla em polonês), em cooperação com a polícia, identificou e deteve dois russos que distribuíam material de propaganda do Wagner Group em Cracóvia e Varsóvia. Ambos ouviram alegações, sobre espionagem e foram presos”, disse o ministro do Interior polonês, Mariusz Kaminski, através do Twitter.

Os detidos tinham em seu poder cerca de três mil folhetos e adesivos do grupo mercenário para serem distribuídos nas cidades polonesas. O material convocava interessados a se juntarem ao Wagner, exibindo um Código QR que levava a um site de recrutamento da entidade. De acordo com as autoridades polonesas, os homens teriam recebido 500 mil rublos russos (R$ 24,5 mil) pelo trabalho.

A Polônia tem se tornado mais atraente para os serviços de inteligência russos porque é hoje um dos mais importantes aliados da Ucrânia na guerra, bem como membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Contando esses dois casos mais recentes, ao menos 17 suspeitos de espionagem em benefício de Moscou foram detidos por Varsóvia recentemente.

Jovem membro do Wagner Group na sede da organização paramilitar (Foto: vk.com/altaywagner)
Tensão na fronteira

Paralelamente, as forças armadas polonesas estão em alerta na fronteira com Belarus desde que o país vizinho recebeu os combatentes do Wagner Group após o motim frustrado que eles protagonizaram na Rússia em junho. Estimativa divulgada pelo grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun, no final de junho, indicava que há entre 3.450 e 3.650 mercenários no território belarusso.

Também no final do mês passado, o presidente belarusso Alexander Lukashenko chegou a fazer uma ameaça velada à Polônia. Em reunião com o homólogo russo Vladimir Putin, em São Petesburgo, o ditador de Belarus disse que os combatentes do Wagner pediram para “fazer uma excursão a Varsóvia, a Rzeszow”, citando cidades polonesas.

Mais tarde, entretanto, Lukashenko afirmou que a declaração dada no encontro com Putin, sobre a “excursão” à Polônia, foi apenas brincadeira, uma forma de ele manifestar apoio aos mercenários devido às baixas do Wagner na guerra da Ucrânia.

O ditador disse que a Polônia é um dos principais fornecedores de armas para as tropas ucranianas, e na verdade ele faz um favor a Varsóvia e à Otan ao manter o Wagner sob controle em Belarus.

“Portanto, deixe os outros rezarem para que os mantenhamos aqui e cuidemos deles, mais ou menos. Caso contrário, eles se infiltrariam por lá e dariam um golpe tão grande em Rzeszow e Varsóvia que não pediriam mais. Então, ao invés de reclamar, é melhor eles me agradecerem”, disse Lukashenko, de acordo com o site independente Meduza.

De toda forma, na semana passada a Polônia anunciou um aumento significativo no envio de tropas para sua fronteira com Belarus, passando de dois mil para dez mil soldados. Segundo Mariusz Blaszczak, ministro da Defesa polonês, quatro mil soldados serão diretamente envolvidos no apoio à Guarda de Fronteira, enquanto seis mil permanecerão na reserva, realizando treinamentos na área.

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