A Polônia anunciou um aumento significativo no envio de tropas para sua fronteira com Belarus, passando de dois mil para dez mil soldados. O movimento acontece em meio ao aumento das tensões entre os dois países, atribuídas em parte à presença do grupo paramilitar russo Wagner Group no território do aliado russo. As informações são da rede CBS News.
Mariusz Blaszczak, o ministro da Defesa polonês, revelou que quatro mil soldados serão diretamente envolvidos em apoio à Guarda de Fronteira, enquanto seis mil permanecerão em reserva, realizando treinamentos na área.
O anúncio ocorreu após um “apelo do gabinete presidencial belarusso aos poloneses”, que encorajou Varsóvia a evitar confrontos armados e reconheceu a história comum entre as duas nações.
Blaszczak destacou que esse apelo pode levar a provocações adicionais na fronteira e sublinhou que o movimento de tropas visa proteger contra qualquer agressão.
O aumento no envio de tropas também se justifica pelo aumento de tentativas de migração irregular vindas do Oriente Médio e África, através de Belarus. Mais de 20 mil tentativas de cruzar ilegalmente a fronteira entre Belarus e a Polônia foram registradas este ano, com julho atingindo um recorde de quase quatro mil tentativas.
Autoridades polonesas afirmam que as passagens ilegais têm participação dos serviços belarussos, alegação negada por Minsk. A Polônia também expressou preocupação de que o Wagner Group poderia armar migrantes para provocar uma reação polonesa ao atravessar a fronteira.
Separadamente, os militares poloneses estão conduzindo uma busca em uma região próxima à fronteira com Belarus em busca de um fusível perdido de um míssil. No entanto, afirmaram que não há ameaça associada, pois o detonador possui medidas de segurança incorporadas. A peça foi extraviada durante atividades intensivas usando equipamentos especializados para garantir a segurança, conforme informado pelas forças armadas.
Por que isso importa?
Em 2021, a Polônia ergueu uma cerca de aproximadamente 5,5 metros de altura ao longo das porções terrestres de sua fronteira com Belarus, na tentativa de conter a onda de migrantes que tentam ingressar no país. A maioria são cidadãos de países do Oriente Médio, como Iraque, Síria e Afeganistão, que passam por Belarus e são direcionados aos países da UE.
Além da Polônia, a questão tornou-se problemática também para três ex-repúblicas soviéticas, Lituânia, Letônia e Estônia.
Os países acusam o presidente belarusso Alexander Lukashenko de incentivar o movimento de migrantes rumo à fronteira. A ação seria uma resposta do mandatário às sanções impostas pelo bloco a Belarus, acusado de reprimir violentamente as manifestações pró-democracia de agosto de 2020.