Com Brexit, libra tem comportamento de ‘moeda de emergente’, diz banco

Oscilações cambiais geradas pela incerteza nas negociações da saída britânica da UE têm gerado preocupação

A volatilidade da libra esterlina depois do início do Brexit, em junho de 2016, transformou a moeda britânica em um ativo “na melhor das hipóteses neurótico e, na pior, incompreensível”.

A avaliação é de Kamal Sharma, analista do Bank of America, que vê a libra como “uma moeda de mercado emergente em todos os aspectos, menos no nome”, de acordo com relatório para clientes publicado nesta quarta (24), ao qual o diário britânico “Financial Times” teve acesso.

Pós-Brexit, libra tem comportamento de  'moeda de emergente', diz banco
Libra esterlina pode deixar o panteão de moedas fortes nos próximos anos (Foto: Wikimedia Commons)

Para o economista, sem a rede de apoio oferecida pelo bloco europeu, o mercado cambial vai passar a refletir “a realidade disfarçada da economia britânica”.

“Pequena e encolhendo, com um problema de déficit dual [fiscal e de conta corrente] parecido com o de moedas de maior liquidez [como as de mercados emergentes]”, afirma.

As razões da volatilidade

O jornal afirma que as oscilações cambiais da libra “fazem melhor par com o peso mexicano do que com o dólar norte-americano”.

O problema é o impasse que se seguiu à decisão dos britânicos de deixar o bloco. As incertezas levaram a oscilações na moeda, que diminuem o interesse dos investidores em manter posições de longo prazo.

Sem a segurança que historicamente caracterizou o mercado de libras esterlinas, aos poucos ela pode deixar o panteão das moedas mais seguras do mundo. Integram esse clube seleto o dólar dos EUA, o iene japonês, o euro e o franco suíço.

As consequências serão “desastrosas” caso a saída não seja concretizada no próximo semestre. A opinião é de Vasileios Gkionakis, líder da área cambial do banco suíço Lombard Odier, que falou com o FT.

Desde o referendo do Brexit, há quatro anos, a moeda britânica perdeu 20% de seu valor. A pandemia piorou a situação. “No auge da crise, os investidores já esperavam uma oscilação tão grande na libra que apenas o real brasileiro experimentou um aumento maior em sua volatilidade implícita”, explica o “Financial Times”.

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