Ao término da 23ª cúpula Ucrânia-União Europeia, ocorrida nesta terça-feira (12) em Kiev, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarou que a responsabilidade pela ausência de uma evolução pacífica para os problemas na conturbada região de Donbass é da Rússia, que seria “uma parte do conflito em curso”. As informações são da agência estatal Ukrinform.
“Um dos temas principais da conferência foi sobre a Ucrânia e a UE [União Europeia] coordenarem as medidas para alcançar a paz no leste do nosso país. Juntamente com a UE, estamos unidos quanto ao fato de que a responsabilidade pela falta de progresso numa solução pacífica no leste está inteiramente com Moscou”, disse Zelensky em coletiva de imprensa, acrescentando que sua fala seria uma declaração conjunta da cúpula.
A Rússia tem negado sistematicamente em todas as plataformas internacionais qualquer envolvimento nas hostilidades nas partes orientais da Ucrânia, alegando que uma “guerra civil” está ocorrendo nessas áreas.
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Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga do líder para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outras medidas, adotou o rublo russo como moeda e alterou o código dos telefones para o da Rússia.
Além do envolvimento na questão da Crimeia, o governo russo também é acusado de apoiar os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014.
O conflito armado de Donbass, que já matou mais de 13 mil pessoas, opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que juntas compõem a região de Donbass e contam com suporte militar russo. Entre as demandas dos grupos pró-Moscou estão maior autonomia das duas repúblicas autoinstituídas, de maioria étnica russa.
Os dois países se culpam mutuamente pelo aumento dos combates no leste ucraniano. A Rússia também concentrou tropas na fronteira com a Ucrânia, um movimento que Moscou classificou como “exercício defensivo“. Não há perspectiva de recuperação das relações entre Moscou e Kiev.