Presidente pró-Ocidente da Moldávia é reeleita em meio a denúncias de interferência russa

Maia Sandu, favorável à integração europeia, enfrentou desinformação financiada pelo Kremlin

No domingo (3), a presidente pró-Ocidente da Moldávia, Maia Sandu, garantiu um segundo mandato em uma eleição presidencial decisiva contra um adversário pró-Rússia, em meio a alegações de interferência russa, fraudes eleitorais e intimidações no país, que busca a adesão à União Europeia (UE). As informações são da Associated Press.

Com quase 99% dos votos apurados no segundo turno realizado no fim de semana, Sandu recebeu 55% dos votos, segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC), enquanto seu oponente, Alexandr Stoianoglo, ex-procurador-geral apoiado pelo Partido Socialista pró-Rússia, obteve 45%.

O resultado representa um grande alívio para o governo pró-UE, que apoiou intensamente a candidatura de Sandu e seu esforço para fortalecer os laços com o Ocidente, alinhando a Moldávia em direção à adesão ao bloco econômico.

Maia Sandu, presidente da Moldávia (Foto: reprodução/Facebook)

Através de um referendo realizado no fim de outubro, os cidadãos da Moldávia aprovaram por uma pequena maioria de 50,3%, a adesão à UE, distanciando ainda mais o país da influência russa. O pleito foi marcado por denúncias feitas pela presidente Sandu de que Moscou realizou uma campanha de desinformação na tentativa de influenciar os votos contrários ao ingresso no bloco.

Além disso, a presidente e seus apoiadores afirmam que Stoianoglo conta com o apoio de influentes figuras pró-Kremlin, como o ex-presidente Igor Dodon e o oligarca Ilan Shor, que supostamente montou uma rede de manipulação eleitoral na Moldávia com o auxílio de Moscou.

Stoianoglo buscou se posicionar como um moderado, tentando afastar-se das acusações de alinhamento com a Rússia. No entanto, sua postura crítica em relação às sanções da União Europeia contra Moscou e sua rejeição ao processo de integração ao bloco europeu indicam uma proximidade com o Kremlin.

Em seu discurso de vitória, Sandu definiu como prioridade preparar as eleições legislativas do próximo ano e “preservar a democracia” na Moldávia.

No primeiro turno das eleições, em 20 de outubro, a presidente atual liderou com 42% dos votos, mas sem alcançar a maioria necessária, enquanto Stoianoglo recebeu apenas 26% das preferências dos eleitores moldavos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi uma das primeiras líderes a parabenizar Maia Sandu. Em uma mensagem na rede social X, von der Leyen elogiou a “força” de Sandu ao “superar os desafios desta eleição”, referindo-se às tentativas de interferência russa no processo eleitoral. “Estou contente em trabalhar com você rumo a um futuro europeu para a Moldávia e seu povo”, declarou.

Influência russa

A Moldávia, um dos países mais pobres da Europa, está situada entre a Ucrânia e a Romênia. O país enfrenta problemas de corrupção e depende significativamente das remessas enviadas por sua grande diáspora espalhada pela Europa. Apesar dos esforços da Rússia para desacreditá-la, essa conexão com o restante do continente é de grande importância e motivou a candidatura do país ao bloco.

A relação com Moscou, porém, também é forte. Antiga república soviética e com maioria de língua romena, a Moldávia tem uma região separatista pró-Rússia chamada Transnístria. Após a invasão da Ucrânia pelas tropas do Kremlin, Kiev rapidamente fechou a fronteira de 452 quilômetros que compartilha com a Transnístria, temendo que fosse usada para fortalecer a agressão.

A própria Moldávia teme uma invasão pela Transnístria, onde Moscou mantém cerca de 1,5 mil soldados de paz desde o cessar-fogo de 1992, quando foi encerrada um curto conflito entre os separatistas e as forças moldavas. Recentemente, o presidente separatista local, Vadim Krasnoselsky, colocou mais lenha na fogueira ao pedir “proteção” a Moscou, alegando que Chisinau vinha sufocando a região. Ele, porém, tentou contemporizar, alegando que não falava de suporte militar.

Apesar da apreensão, os moldavos entendem que um invasão russa neste momento é inviável. Segundo o ministro das Relações Exteriores Mihai Popsoi, a segurança do país em parte é assegurada por Kiev, vez que as Forças Armadas russas estão comprometidas com a guerra e desgastadas em função da resistência dos ucranianos.


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