Putin anuncia alistamento militar que adicionará 160 mil russos às Forças Armadas

Moscou trabalha para aumentar seu poderio militar em meio às negociações de paz na Ucrânia mediadas pelos Estados Unidos

O governo russo anunciou na terça-feira (1º) a convocação de 160 mil homens para o serviço militar obrigatório, em um movimento que pressiona o cenário diplomático conforme os EUA tentam mediar um cessar-fogo entre Moscou e Kiev. A medida, ordenada pelo presidente Vladimir Putin, marca a maior campanha de alistamento desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. As informações são da revista Newsweek.

O decreto, divulgado pela agência estatal russa Tass, estabelece que cidadãos com idades entre 18 e 30 anos devem se apresentar entre 1º de abril e 15 de julho. Embora o Kremlin afirme que os conscritos não são enviados à linha de frente, autoridades ucranianas contestam. “Uma vez no serviço, eles são forçados a assinar contratos ‘voluntariamente’ e acabam na linha de frente”, afirmou o Centro de Combate à Desinformação da Ucrânia.

Soldados do Exército da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

A escala do novo recrutamento contrasta com a retórica de Moscou sobre negociações de paz. “Essa campanha de conscrição também pode indicar que, apesar das declarações oficiais sobre paz, a Rússia na verdade busca prolongar a guerra”, alertou o mesmo centro ucraniano. O presidente Volodymyr Zelensky reforçou que os russos estariam preparando novos ataques nas regiões de Sumy, Kharkiv e Zaporizhzhia.

Desde o início da guerra, mais de cem mil soldados russos teriam morrido, segundo levantamentos de governos ocidentais, organizações independentes e meios de comunicação. O Ministério da Defesa da Ucrânia afirma que Moscou perdeu quase 900 mil combatentes, incluindo mortos e feridos.

Apenas em 2024, os ucranianos estimam que 430.790 soldados russos foram mortos ou feridos em combate. A Ucrânia também registra perdas: mais de 46 mil mortos e 380 mil feridos, conforme declaração de Zelensky em fevereiro.

A convocação de força militar extra surge num momento de estremecimento na relação entre Moscou e Washington, que vinha se ajustando desde a posse de Donald Trump. Nos últimos dias, porém, o presidente dos EUA, criticou a postura russa durante as negociações e ameaçou impor tarifas secundárias sobre o petróleo russo caso perceba entraves intencionais ao acordo.

“Eles estão tentando arrastar os EUA para discussões intermináveis sobre condições falsas para ganhar tempo e tentar conquistar ainda mais território”, disse Zelensky. “Putin só pensa em guerra. Nosso dever — de todos nós — é a defesa no sentido mais amplo da palavra.”

As autoridades russas ainda não esclareceram como a nova leva de recrutas será integrada ao esforço de guerra ou qual impacto isso terá nas conversas com Washington.

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