A economia russa, antes impulsionada por exportações robustas de petróleo, gás e minerais, está enfrentando pressões crescentes devido aos impactos do conflito prolongado na Ucrânia e das sanções impostas por potências ocidentais. O presidente Vladimir Putin tem demonstrado preocupação com as distorções na economia nacional, especialmente em um momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica os apelos por uma solução negociada para o conflito. As informações são da Reuters.
Apesar de um crescimento nos dois primeiros anos da guerra, a economia russa tem enfrentado desafios. A escassez de mão de obra e as taxas de juros elevadas, fixadas em 21% para conter a inflação, tornaram o cenário mais complexo para empresas e indústrias não ligadas ao setor militar.
Os gastos militares recordes, que representaram 6,3% do PIB em 2024, ajudaram a acelerar a inflação, que se aproxima de dois dígitos. Com o aumento nos salários e a busca do governo por maiores receitas fiscais, muitos empresários relataram dificuldades em manter seus balanços financeiros.

Oleg Vyugin, ex-vice-presidente do Banco Central da Rússia, destacou que a pressão econômica poderia ser mitigada com uma solução diplomática para o conflito. Segundo ele, os gastos crescentes com a guerra estão criando um superaquecimento na economia e um impacto direto na inflação.
Trump e a diplomacia de pressão
Recém-retornado ao cargo, Donald Trump prometeu resolver rapidamente o conflito na Ucrânia, adotando uma postura de negociação direta com o Kremlin. Na última semana, o presidente norte-americano afirmou que novas sanções e tarifas contra a Rússia seriam prováveis, a menos que Putin concordasse em negociar.
Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, reforçou o compromisso de Trump em acabar com o conflito, embora seus conselheiros tenham moderado declarações anteriores sobre uma resolução rápida. Ao mesmo tempo, medidas como o pacote de sanções imposto pelo governo de Joe Biden pouco antes da posse de Trump intensificaram a pressão econômica sobre a Rússia, criando um cenário favorável para negociações.
Visão do Kremlin sobre a guerra
No Kremlin, fontes revelaram que Putin acredita que os principais objetivos da guerra foram alcançados, incluindo o controle territorial que conecta a Crimeia à Rússia continental e o enfraquecimento das forças armadas ucranianas. Apesar disso, o impacto econômico prolongado tem gerado preocupações, com o presidente reconhecendo os “problemas realmente grandes” enfrentados por setores não ligados à defesa.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, admitiu dificuldades econômicas, mas destacou que a economia russa permanece resiliente e capaz de atender às necessidades militares e sociais. “A situação é avaliada como estável, e há uma margem de segurança”, afirmou.
Conflitos internos
A governadora do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, tem enfrentado pressões para equilibrar as taxas de juros sem comprometer a estabilidade econômica. Embora tenha sido criticada por alguns legisladores e empresários influentes, Nabiullina é amplamente considerada indispensável para a gestão econômica em tempos de crise.
Com previsões de crescimento abaixo de 1,5% para este ano, especialistas alertam para o risco de estagnação econômica caso a guerra e os gastos militares se prolonguem. A negociação de um cessar-fogo, que incluiria a aceitação dos ganhos territoriais da Rússia e a exclusão da Ucrânia da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), pode ser a saída para aliviar as pressões internas e externas.