A ministra das Finanças da República Tcheca, Alena Schillerova, confirmou no domingo (9) que Praga planeja reivindicar US$ 47 milhões da Rússia pelas duas explosões nos depósitos de munição de Vrbetice, em 2014.
Uma investigação concluída em abril apontou que os incêndios foram causados pelos mesmos agentes russos responsáveis pela tentativa de envenenamento do agente duplo Sergei Skripal, no Reino Unido, em 2018.
O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, anunciou “evidências inequívocas” da participação do GRU (Departamento Central de Inteligência da Rússia) no incidente que matou duas pessoas em Vrbetice, na região de Zlin. O premiê ainda anunciou a expulsão de 18 diplomatas russos, classificados como “espiões”.
O portal independente russo Meduza adiantou que Praga pretende buscar a indenização através do direito internacional. “Um processo penal demoraria muito para recuperar os danos”, disse Schillerova.
O valor, que equivale a 1 bilhão de coroas tchecas, é apenas uma “estimativa” e tende a passar por revisão após uma avaliação mais profunda dos danos. Conforme a ministra, as autoridades do país planejam lançar o pedido de indenização já nas próximas semanas.
Apesar de Praga estar cética sobre o recebimento da compensação, a medida deve ser uma retaliação a Moscou. “Este processo mostra, no mínimo, que não vamos tolerar isso”, disse o legislador Ondrej Benesík.
Retaliação
Depois da República Tcheca, Bulgária, Eslováquia, Letônia, Lituânia e Estônia também expulsaram diplomatas russos em solidariedade a Praga. No sábado (8), Babis pediu aos líderes dos países da UE (União Europeia) que expulsassem pelo menos um representante russo em apoio à condenação pelo atentado de Vrbetice.
Ainda em abril, a Rússia expulsou 20 diplomatas após a decisão da República Tcheca de sancionar o país pelas explosões. Em seguida, Praga anunciou que deve limitar o número de funcionários na embaixada russa em Praga. No futuro, ambas as representações terão 32 funcionários.
No incidente de 16 de outubro de 2014, cerca de 50 toneladas métricas de munição armazenadas no local explodiram. Dois meses depois, outra explosão destruiu 13 toneladas de munição no mesmo depósito. Os supostos agentes russos eram Aleksandr Petrov e Ruslan Boshirov.
Os mesmos homens teriam tentado envenenar Skripal e sua filha, Yulia, em Salisbury, no Reino Unido, em 2018, com uma dose tóxica de novichok. O agente nervoso, também usado contra o político da oposição Alexei Navalny, era comum na perseguição a inimigos na era soviética. A Rússia nega qualquer envolvimento no ataque.