A expulsão recíproca de diplomatas entre a República Tcheca e Rússia, desde a metade de abril, já fez com que Moscou perdesse um contrato nuclear bilionário, apontam informações do portal norte-americano Business Insider.
A República Tcheca proibiu uma empresa russa de licitar bilhões de euros em contratos para manter a Usina Nuclear de Dukovany, ao sul do país. “Perder tantos oficiais de inteligência reduzirá a quantidade de atividades e capacidades dos russos por enquanto”, disse um funcionário europeu.
Segundo o homem, que pediu para não ser identificado, o presidente Vladimir Putin deve ver perdas de bilhões em contratos no setor nuclear. “Esse projeto nuclear foi crítico não apenas para a receita da Rússia, mas para a influência sobre os assuntos locais que o contrato traria”, afirmou.
No dia 17, o primeiro-ministro tcheco Andrej Babis anunciou “evidências inequívocas” de que a explosão a um depósito de armas em 2014 teria sido provocado pelos mesmos dois agentes acusados de atacar o ex-oficial de inteligência russo Sergei Skripal, em 2018.
O depósito guardava munições que seriam entregues a forças rivais da Rússia na Ucrânia. Em seguida, Babis expulsou 18 diplomatas russos classificados como “espiões” do país. Em retaliação, a Rússia anunciou a expulsão de 20 diplomatas tchecos um dia depois.
Praga é posto-chave
A resposta agressiva de Moscou, porém, pode gerar prejuízo ao próprio Kremlin. “Praga é uma posto-chave para a inteligência russa”, disse o funcionário europeu. O governo semi-amigável da República Tcheca e a localização do país, no centro da UE (União Europeia), o torna um “excelente centro logístico para operações”.
Assim, a “pior” punição para os russos seria impor sanções sobre as empresas do país, conforme um militar da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte). “Continuo cético de que isso afetará o comportamento [da Rússia], embora seja possível que alguns oficiais tenham que explicar como foram pegos em uma área tão sensível como a tcheca”.
Além da República Tcheca, a Bulgária também exigiu explicações de Moscou ao relacionar outras explosões em depósitos de armas em 2011 e em 2020. Em um caso, na fronteira com a Sérvia, 15 civis morreram.