A Rússia concentrou cerca de 50 mil militares ao longo da fronteira norte da Ucrânia e prepara uma nova ofensiva em direção à região de Kharkiv. O alerta foi feito pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante um pronunciamento em Kiev. Ele afirmou que a situação exige uma reação urgente de aliados ocidentais e alertou para o risco de que o Kremlin amplie ainda mais sua operação militar, de acordo com a agência Reuters.
“Eles concentraram 50 mil soldados em nossa direção”, disse o presidente ucraniano. Desde o início de maio, os russos retomaram a iniciativa no campo de batalha e já avançaram por vilarejos da província, o que forçou milhares de civis a deixarem suas casas.
A nova ofensiva russa foi lançada em 10 de maio e teve como foco inicial a cidade de Vovchansk, próxima à fronteira. Autoridades militares ucranianas disseram que as forças russas buscam criar uma “zona tampão” para proteger a província russa de Belgorod, frequentemente atingida por bombardeios.

Especialistas em segurança veem o movimento como uma tentativa de Moscou de abrir uma nova frente de combate conforme as tropas ucranianas enfrentam escassez de armamentos, o que dificultaria a atuação defensiva da Ucrânia e permitiria à Rússia conquistar mais território. O presidente russo Vladimir Putin já deixou claro que só aceitaria um eventual acordo de paz que permitisse a seu país manter os terrenos conquistados.
Zelensky também disse que o governo russo “continua tentando expandir a guerra”, mesmo diante das perdas humanas e materiais já sofridas. A Ucrânia estima que, desde fevereiro de 2022, mais de 500 mil militares russos tenham sido mortos, feridos ou incapacitados em combate. Essas cifras não são verificadas de forma independente, mas refletem o alto custo do conflito para ambos os lados.
O presidente ucraniano ainda cobrou rapidez na entrega de ajuda militar por parte dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O pacote de assistência de US$ 61 bilhões aprovado pelo Congresso dos EUA em abril começou a chegar à Ucrânia neste mês, mas autoridades locais dizem que os suprimentos ainda não são suficientes para conter o avanço russo.
“Precisamos de uma decisão política clara de nossos parceiros para usar todas as armas ocidentais contra a concentração de tropas russas”, afirmou Zelensky. Ele não mencionou se isso incluiria ataques dentro do território russo, uma questão que tem gerado impasse entre aliados da Ucrânia.