Russo é deportado após tentar entrar na Estônia em prancha de ‘stand up paddle’

Governo local confirma que o homem de 38 anos tentou entrar no país para fugir da mobilização militar anunciada por Putin

O governo da Estônia diz que deportou um cidadão russo que tentou entrar clandestinamente no país para fugir do recrutamento militar imposto na semana passada pelo presidente Vladimir Putin. O curioso é que ele realizou a travessia com uma prancha de stand up paddle, segundo a emissora estoniana ERR.

De acordo com as autoridades locais, o homem, de 38 anos, atravessou a fronteira ilegalmente durante a madrugada e foi flagrado por guardas de fronteira. Uma patrulha foi enviada ao local, inclusive com a ajuda da unidade canina. Detido, ele foi multado e enviado de volta à Rússia às 14h (8h de Brasília).

“Neste caso, foi uma passagem ilegal de fronteira, que foi realizada por medo da mobilização anunciada no país vizinho”, disse Eerik Purgel, chefe do serviço de controle de fronteiras e migração da prefeitura de Ida, que não forneceu a identificação do homem.

Prática de stand up paddle nas Filipinas, janeiro de 2019 (Foto: Basak Ar/Unsplash)

LetôniaLituânia e Estônia haviam anunciado em 19 de setembro, junto da Polônia, a decisão de barrar a maioria dos cidadãos russos que tentassem entrar em seus territórios. Quando a mobilização de Putin foi anunciada, os Estados bálticos reforçaram a posição e prometeram barrar russos tentando fugir da convocação.

Apesar do êxodo que tem sido registrado na Rússia em função da mobilização, sobretudo de reservistas com medo de serem forçados a combater na guerra, a Estônia diz que não registrou aumento do fluxo proveniente do país vizinho.

Na verdade, a agência de guarda de fronteiras estoniana afirma ter registrado uma queda no movimento. Segundo Egert Belitšev, chefe da entidade, os números caíram de 11,5 mil passagens por semana no final de agosto para 7,5 mil passagens na semana passada. Segundo ele, o que aumentou foi o número de cidadãos russos barrados na fronteira.

Resposta do Kremlin

Moscou já começou a agir para conter o êxodo de cidadãos que atendam às condições do recrutamento, que pretende colocar 300 mil novos soldados a serviço das forças armadas. Na fronteira com a Geórgia, um dos principais destinos dos russos em fuga, todos aqueles que atendam aos requisitos receberão sua carta de convocação, de acordo com o jornal The Moscow Times.

“Cidadãos da Federação Russa que desejam deixar o país, mas estão sujeitos ao alistamento, receberão uma intimação na fronteira com a Geórgia”, disse o chefe do serviço de imprensa da Ossétia do Norte, na terça-feira (27).

Calcula-se que cerca de 115 mil pessoas entrar na Geórgia vindas da Rússia desde o anúncio da mobilização. Imagens de satélite fornecidas pela empresa especializada Maxar Tecnologies mostraram filas de até 16 quilômetros para cruzar a fronteira.

Por ora, o que o Kremlin descarta é pedir a extradição daqueles que eventualmente tenham deixado o país para fugir do serviço militar. “O Ministério da Defesa da Rússia não enviou nenhum pedido às autoridades do Cazaquistão, Geórgia ou qualquer outro país para o suposto retorno forçado de cidadãos russos ao solo russo, e não planeja fazê-lo”, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.

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