‘Se Putin pensar em fazer algo, Otan vai reagir’, diz chefe da aliança atlântica

Em evento na Noruega nesta quinta-feira, além de ressaltar a importância do apoio contínuo à Ucrânia, Jens Stoltenberg prometeu resposta caso um Estado-membro seja agredido

A guerra na Ucrânia originou o momento mais perigoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a Rússia não pode sair vitoriosa do conflito, declarou nesta quinta-feira (4) o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg. A afirmação foi feita durante discurso no acampamento de verão da Liga da Juventude dos Trabalhadores (AUF, na sigla em norueguês), na ilha norueguesa de Utoya. As informações são da rede Radio Free Europe.

“É do nosso interesse que este tipo de política agressiva não tenha sucesso. Se Putin pensar em fazer algo a um país da Otan, toda a aliança vai reagir”, disse Stoltenberg, endereçando um recado ao presidente russo.

O chefe da Otan acrescentou que a aliança, através de seus 30 países-membros, continuará apoiando Kiev com armamentos e outros tipos de suporte durante um longo período, se assim for necessário para impedir que Moscou tenha êxito em sua invasão.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Foto: Otan/Flickr)

Ao falar sobre uma hipotética resposta, Stoltenberg citou conflitos iniciados pelo Kremlin contra outros países que integravam a extinta União Soviética.

“Se o presidente Putin pensar em fazer algo semelhante a um país da Otan como fez com a Geórgia, Moldávia ou Ucrânia, então toda a aliança estará envolvida imediatamente”, refoçou.

A fala de Stoltenberg ocorre no momento em que Suécia e Finlândia estão prestes a entrar para a Otan. Os protocolos de adesão foram assinados no mês passado, e o pedido até agora foi ratificado por 23 dos Estados-Membros, incluindo EUA.

Os dois países nórdicos, tradicionalmente neutros, solicitaram a adesão à aliança o mais rápido possível depois que Moscou deu início a sua incursão militar ao território ucraniano. Finlândia e Rússia compartilham uma fronteira de cerca de 1,3 mil quilômetros, e o ingresso dos escandinavos na Otan criaria imediatamente a maior linha divisória entre o bloco e o território russo.

O ataque a um país da Aliança Atlântica é considerado um ataque a todo o coletivo de Estados-Membros, o que pode desencadear uma mobilização geral contra o agressor.

Os sete países que ainda não concordaram formalmente com a adesão são República Tcheca, Grécia, Hungria, Portugal, Eslováquia, Espanha e Turquia, sendo que esta última se mostra um obstáculo. Em troca de apoio, Ancara exige a extradição de dezenas de opositores do governo rotulados como “terroristas”, hoje vivendo em ambos os países escandinavos.

Em maio, o presidente turco Recep Erdogan chegou a dizer que as nações escandinavas ‘hospedam terroristas’, referindo-se a membros das milícias curdas PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) e YPG (Unidade de Proteção do Povo).

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