Suécia acusa de genocídio e outros crimes mulher que serviu ao Estado Islâmico

Lina Laina Ishaq será julgada por participar das atrocidades cometidas contra a minoria étnico-religiosa dos yazidis

A Justiça da Suécia levará a julgamento uma mulher que fugiu em 2014 com o filho para a Síria, onde teria se juntado ao Estado Islâmico (EI) e participado das atrocidades cometidas pelo grupo contra mulheres e crianças da minoria étnico-religiosa dos yazidis. As informações são da agência Associated Press (AP).

Cidadã sueca, Lina Laina Ishaq deixou a nação escandinava em 2014 sob a justificativa de que se juntaria ao marido para férias na Turquia. De lá, entretanto, cruzou a fronteira para a Síria e se estabeleceu em Raqqa, que à época o EI tratava como capital de seu califado.

Suécia terá o primeiro julgamento por ataques do EI contra a minoria yazidi (Foto: Tarjei Mo/WikiCommons)

De acordo com a promotora Reena Devgun, os crimes atribuídos à mulher “ocorreram sob o governo do EI em Raqqa, e esta é a primeira vez que ataques do EI contra a minoria yazidi são julgados na Suécia”. Ishaq é acusada de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e o julgamento está marcado para começar em 7 de outubro.

A acusação afirma que Ishaq deteve em sua residência mulheres e crianças yazidis e “supostamente as expôs a, entre outras coisas, sofrimento severo, tortura ou outro tratamento desumano, bem como à perseguição, privando-as de direitos fundamentais por razões culturais, religiosas e de gênero, contrárias ao direito internacional geral”.

O massacre dos yazidis, classificado como genocídio por governos e grupos humanitários, levou milhares de mulheres da comunidade a serem raptadas por combatentes do EI.

O tribunal sueco que julga o caso afirma que o objetivo do EI era “aniquilar total ou parcialmente o grupo étnico yazidi como tal”, atos que podem ser imputados também à acusada devido ao fato de ela ter servido à organização extremista.

A mulher já havia sido julgada e condenada anteriormente por ter levado o filho, então com dois anos, para o território do EI. Ela fugiu de lá em 2017, após dar à luz outra duas crianças, num momento em que o EI começava a ver seu califado desfeito pela ação das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia curda apoiada pelos EUA que derrotou o grupo em 2019.

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