Três advogados de Navalny são condenados na Rússia sob acusação de extremismo

Igor Sergunin, Alexei Liptser e Vadim Kobzev foram detidos em outubro de 2023 e, no mês seguinte, adicionados a uma lista oficial que os classificava como "terroristas e extremistas"

Um tribunal russo condenou nesta sexta-feira (17) três advogados do falecido líder opositor Alexei Navalny, sob a acusação de integrarem um grupo extremista. Igor Sergunin, Alexei Liptser e Vadim Kobzev receberam penas de 3 anos e meio, 5 anos e 5 anos e meio, respectivamente, em colônias penais. O julgamento ocorreu a portas fechadas na região de Vladimir, ao leste de Moscou. As informações são da Reuters.

Os três profissionais foram detidos em outubro de 2023 e, no mês seguinte, incluídos na lista oficial de “terroristas e extremistas”. A decisão judicial gerou uma onda de críticas, especialmente entre ativistas de direitos humanos, que consideram o caso um marco na intensificação da repressão à dissidência durante o governo de Vladimir Putin.

(Foto: Lawyersforlawyers.org/Reprodução)
Repressão a advogados

A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, classificou os três advogados como prisioneiros políticos. “Vadim, Alexei e Igor são prisioneiros políticos e devem ser libertados imediatamente”, declarou em uma postagem na rede social X. Grupos como o OVD-Info também condenaram as sentenças, afirmando que perseguir advogados por representarem opositores do regime compromete os resquícios do estado de direito na Rússia.

“Advogados não podem ser punidos por exercerem sua profissão. A pressão sobre defensores legais ameaça destruir a aparência de legalidade que as autoridades russas ainda tentam manter”, afirmou o grupo em nota. Para os ativistas, o caso dos advogados de Navalny é um reflexo da intolerância crescente ao dissenso e ao respeito às normas legais no país.

Contexto da morte de Navalny

Navalny, crítico ferrenho de Vladimir Putin, morreu em fevereiro de 2024, aos 47 anos, em uma colônia penal no Ártico. Condenado anteriormente por acusações de extremismo e outros crimes considerados fabricados, Navalny era uma das vozes mais barulhentas contra o governo russo e a guerra na Ucrânia. Sua morte, que sua viúva atribui a um assassinato orquestrado pelo Kremlin, permanece sob investigação, mas o governo nega as alegações.

Ainda preso, Navalny usava seus advogados como ponte para se comunicar com o mundo externo, publicando mensagens em redes sociais e participando de processos judiciais relacionados ao seu tratamento na prisão. As autoridades acusaram os advogados de facilitarem a continuidade de sua liderança em um suposto “grupo extremista”, permitindo que suas mensagens fossem divulgadas.

Durante o julgamento, apoiadores aplaudiram os três advogados enquanto uma mulher presente gritou: “Meninos, vocês são heróis”. O caso também trouxe à tona a polêmica sobre gravações clandestinas de encontros entre Navalny e seus defensores. Segundo Yulia Navalnaya, as gravações, feitas pelas autoridades, violam o direito de sigilo entre advogado e cliente.

Navalnaya, que também é procurada na Rússia por acusações de atividade extremista, afirmou que pretende retornar ao país no futuro e concorrer à presidência.

Kremlin se cala

O Kremlin manteve sua postura de não comentar casos judiciais individuais. As autoridades russas classificam Navalny e seus apoiadores como agentes financiados pelo Ocidente com o objetivo de desestabilizar o país.

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