Morre Alexei Navalny, principal rival político de Vladimir Putin na Rússia

Oposicionista cumpria pena em um centro de detenção no Ártico e em diversos momentos reclamou do tratamento que recebia no cárcere

Morreu nesta sexta-feira (16), aos 47 anos, o político e ativista russo Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo Vladimir Putin. A informação foi divulgada pelo Serviço Penitenciário Federal (FSIN, na sigla em russo) da Rússia. Ele cumpria pena de 30 anos de prisão em um centro de detenção no Ártico e com frequência reclamava do tratamento que recebia no cárcere, alegando inclusive que sua saúde estava debilitada por isso.

De acordo com a agência Reuters, Navalny “se sentiu mal” e desmaiou quando caminhava no pátio da colônia penal IK-3, localizada cerca de 1,9 mil quilômetros a leste de Moscou.

“A equipe médica da instituição chegou imediatamente, e uma ambulância foi chamada”, disse o órgão estatal. “Foram realizadas todas as medidas de reanimação necessárias, que não deram resultado positivo. Os médicos da ambulância constataram a morte do condenado”, acrescenta o texto, segundo o qual a causa da morte ainda não havia sido estabelecida

Desde que foi encarcerado, em 2021, Navalny sempre reclamou do tratamento que recebia na prisão. Em mais de uma ocasião, alegou inclusive que enfrentava problemas de saúde sem receber a atenção médica necessária.

Através de suas redes sociais, atualizadas por apoiadores, Navalny disse no final de 2022 que lhe foram negadas roupas adequadas para enfrentar o frio. Mais tarde, no ano passado, alegou que estava sendo envenenado lentamente. E em inúmeras oportunidades contou que foi colocado em isolamento solitário por motivos injustificados.

Foi exatamente sobre isso a postagem mais recente na rede social X, na quarta-feira (14). “Acabaram de me dar 15 dias em uma cela de punição. Ou seja, esta é a quarta cela de castigo em menos de dois meses que estou com eles”, disse, referindo-se à transferência para o presídio no Ártico ocorrida em dezembro de 2023.

Alexei Navalny, político russo rival do presidente Vladimir Putin (Foto: reprodução/festival.sundance.org)
Ativista anticorrupção

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A rede dele chegou a ter 50 sedes regionais em toda a Rússia e, entre outras ações, denunciava casos de corrupção envolvendo o governo Putin e figuras importantes ligadas a ele. Isso levou o Kremlin a agir judicialmente para proibir a atuação do opositor, que então passou a ser perseguido.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho daquele ano, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção (FBK) de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

Quando morreu, ele cumpria pena de 30 anos de prisão por acusações diversas, que vão desde fraude até extremismo, esta a mais grave. Ele sempre alegou que as acusações eram politicamente motivadas, uma forma de conter suas ações em oposição a Putin.

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