Três nações da Europa reconhecem o Estado palestino e pedem novas adesões à causa

Noruega, Espanha e Irlanda dizem que a busca pela paz em Gaza os levou a apoiar a demanda da Palestina, anúncio que enfureceu Israel

Noruega, Espanha e Irlanda anunciaram nesta terça-feira (22) que passarão a reconhecer um Estado palestino independente a partir do dia 28 de maio, sob o argumento de que a decisão contribuirá para a paz duradoura no Oriente Médio. Ao menos mais duas nações europeias, Malta e Eslovênia, devem seguir o mesmo caminho, uma derrota diplomática para Israel que pode gerar uma reação em cadeia atraindo novas adesões. As informações são da agência Associated Press (AP).

Atualmente, 143 dos 193 países representados na ONU (Organização das Nações Unidas) reconhecem o Estado palestino. Entre eles estão 11 membros do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, sendo uma das adesões a do Brasil.

O anúncio desta terça dá ainda mais força à causa porque tende a incentivar outras nações, sobretudo da União Europeia (UE), a adotar a mesma medida. A decisão também oferece grande visibilidade ao clamor dos palestinos em meio à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, com mais de 35 mil mortos, a maioria civis.

Espen Barth Eide (esq.), ministro das Relações Exteriores da Noruega, e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, abril de 2024 (Foto: x.com/EspenBarthEide)

O primeiro a fazer o anúncio nesta terça foi Jonas Gahr Store, primeiro-ministro norueguês. “O governo decidiu que a Noruega irá reconhecer o Estado da Palestina”, disse ele através de sua conta no Facebook. “É um investimento na única solução que pode trazer uma paz duradoura ao Oriente Médio.”

A decisão da ONU que criou Israel em 1948 também prevê um Estado palestino, mas os debates nunca seguiram adiante. No entendimento do premiê norueguês, a decisão anunciada por ele e as contrapartes espanhola e irlandesa pode atrair novos adeptos à causa, permitindo que “o processo para uma solução de dois Estados possa recomeçar.”

“No meio de uma guerra, com dezenas de milhares de mortos e feridos, temos de manter vivo o que pode proporcionar um lar seguro tanto para israelenses quanto para palestinos: dois Estados que podem viver em paz um com o outro”, acrescentou Store.

O presidente espanhol Pedro Sánchez também comentou a decisão, usando para isso a rede social X, antigo Twitter. “A Espanha reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina no próximo dia 28 de maio, ecoando a vontade da maioria do povo espanhol. Chegou a hora de passar das palavras à ação. A paz, a justiça e a coerência são a base da nossa decisão histórica”, disse ele.

O governo irlandês, por sua vez, afirmou que sua decisão vem acompanhada de “todos os direitos e responsabilidades que isso implica” em prol da Palestina. Também declarou que o reconhecimento tem como objetivo “acabar com a guerra e a morte” em Gaza. E conclui convocando novas adesões: “Esperamos que outros façam o mesmo na próxima onda.”

O governo israelense reagiu com indignação ao anúncio, chamando seus embaixadores nos três países para consultas e convocando também os representantes norueguês, espanhol e irlandês para o que chamou de “severas reprimendas”.

“Estou enviando uma mensagem inequívoca: Israel não deixará isso passar silenciosamente”, disse o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, de acordo com o jornal The Times of Israel. “A medida deles terá consequências graves”, acrescentou.

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