Um tribunal de Frankfurt, na Alemanha, condenou na segunda-feira (16) o médico sírio Alaa M. à prisão perpétua por sua participação em atos de tortura, assassinatos e outros crimes contra a humanidade durante o regime de Bashar al-Assad, na Síria. A sentença marca mais um capítulo da tentativa europeia de responsabilizar envolvidos nas violações cometidas durante a guerra civil síria, conforme relato da rede Deutsche Welle (DW).
Segundo o juiz Christoph Koller, o réu “feriu gravemente nove pessoas e matou outras duas” entre 2011 e 2012, enquanto trabalhava em um hospital militar na cidade de Homs. Koller classificou as ações de Alaa M. como parte de “uma reação brutal do regime ditatorial e injusto de Assad” e afirmou que “acima de tudo, o acusado sentia prazer em ferir pessoas que considerava inferiores e sem valor”.

O tribunal também revelou que o antigo governo de Assad tentou interferir no julgamento. Há suspeitas de que informações sigilosas tenham sido repassadas para a Síria e de que parentes de testemunhas tenham sido ameaçados. “Nenhum torturador, onde quer que cometa seus crimes, pode esperar escapar da justiça”, declarou o juiz durante a leitura da sentença.
Alaa M. vivia na Alemanha há dez anos e trabalhava como ortopedista em clínicas da região central do país, mais recentemente no estado de Hesse. Ele foi preso no verão de 2020, após ser identificado por vítimas que o reconheceram em um documentário de televisão sobre a guerra em Homs.
O caso não é isolado. Em janeiro de 2022, um tribunal em Koblenz condenou à prisão perpétua um ex-integrante dos serviços secretos sírios por envolvimento em tortura sistemática. Outro acusado foi sentenciado a quatro anos e meio de prisão. No mês passado, outro sírio foi detido no estado de Renânia-Palatinado sob suspeita de atuar como carcereiro em um centro de detenção onde prisioneiros eram espancados. Ele segue preso enquanto aguarda julgamento.