Trump impulsiona plano de empresário para retomar a entrega de gás russo à Europa

Plano prevê retomada parcial do Nord Stream 2 enquanto a União Europeia tenta impedir nova dependência do gás russo

Um plano ousado para colocar o gasoduto Nord Stream 2 de volta em operação vem chamando atenção de autoridades na Alemanha e nos Estados Unidos. O projeto, idealizado pelo investidor americano Stephen P. Lynch, prevê a compra do duto submarino por um consórcio liderado por americanos, contornando as atuais sanções ocidentais contra Moscou e reabilitando o fornecimento de gás russo à Europa. As informações são do jornal The New York Times.

Lynch apresentou a proposta ao Ministério da Economia da Alemanha no dia 6 de maio, em Berlim, após já tê-la discutido com membros do governo de Donald Trump. “Quando eles decidirem que precisam de gás da Rússia – e vão decidir – estaremos lá”, disse o empresário.

Gasoduto Nord Stream: foco de tensão entre Rússia e UE (Foto: Pjotr Mahhonin/Wikimedia Commons)

A tentativa de aquisição ocorre no contexto de um realinhamento diplomático estimulado pela volta de Trump ao poder e por sinais públicos de reaproximação com Vladimir Putin. Por outro lado, surge também em um momento em que líderes europeus tentam impedir a retomada de qualquer laço energético com Moscou.

Segundo Lynch, colocar o Nord Stream 2 sob controle dos EUA permitiria maior supervisão ocidental sobre as exportações russas e evitaria negociações diretas com empresas e pessoas sancionadas. “Absolutamente nenhum gás fluiria até que houvesse paz”, garantiu o empresário.

O governo da Alemanha, no entanto, reiterou que se opõe à reativação do gasoduto. “Faremos tudo o que pudermos” para que ele “não possa ser colocado novamente em operação”, declarou na semana passada o chanceler Friedrich Merz. A Comissão Europeia também informou que avalia novas sanções para “dissuadir qualquer interesse” na infraestrutura danificada por explosões em 2022.

Apesar da posição oficial, vozes dentro da coalizão de Merz – especialmente da ala mais à direita e de estados do leste alemão – defendem rever a decisão, diante do alto custo da energia. Michael Kretschmer, governador da Saxônia, afirmou em entrevista publicada em 25 de maio que a Alemanha deveria considerar retomar parte das importações de gás russo para sustentar sua economia.

Antes da guerra, mais da metade do gás consumido na Alemanha vinha da Rússia. Em 2024, esse volume caiu para 11% em todo o bloco europeu. A União Europeia (UE) agora planeja zerar as importações até 2027.

Ainda assim, o temor em Bruxelas é o de que, com o fim das hostilidades na Ucrânia e a aproximação entre Washington e Moscou, o apetite por gás barato volte a crescer. “A Europa está fazendo de tudo para mostrar que não vai acompanhar [os Estados Unidos] nisso”, afirmou Sergey Vakulenko, analista do think tank Carnegie Russia Eurasia Center.

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