O presidente dos EUA, Donald Trump, pretende desempenhar um papel decisivo no desfecho da guerra da Ucrânia e, para isso, aposta em um plano de paz que pode alterar não só o rumo do conflito, mas também o futuro político do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O general aposentado Keith Kellogg, recém-nomeado enviado especial para os dois países em guerra, deve discutir a proposta com aliados na Conferência de Segurança de Munique, entre 14 e 16 de fevereiro, antes de viajar para Kiev. As informações são da rede CNN.
Nos bastidores, especula-se que o plano inclui um cessar-fogo condicionado a negociações de paz e até à realização de eleições antecipadas na Ucrânia. Para alguns analistas, isso pode ser uma manobra para tirar Zelensky do centro das decisões, abrindo espaço para uma nova liderança mais palatável à Rússia.
O próprio Kellogg, porém, negou que detalhes do plano serão revelados em Munique: “A pessoa que apresentará o plano de paz é o presidente dos Estados Unidos, não Keith Kellogg”, afirmou ele.
Trump já afirmou ter conversado com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o fim da guerra, mas o Kremlin não confirmou o contato. “Pode haver algo que eu não saiba”, limitou-se a dizer o porta-voz Dmitri Peskov, alimentando o mistério sobre as negociações paralelas.

O esboço do plano de Kellogg, conhecido desde abril, propõe mais ajuda militar à Ucrânia, condicionada a negociações de paz, além da presença de forças de paz europeias nas áreas de conflito. Outro ponto polêmico seria a realização de eleições durante um possível cessar-fogo, o que reacendeu rumores sobre a sucessão de Zelensky.
O líder ucraniano, que já teve uma relação turbulenta com Trump durante o primeiro mandato do republicano, reagiu com desconfiança: “Tenho certeza de que ainda não existe um plano de paz oficial”, disse em discurso recente, demonstrando preocupação com seu papel nas futuras negociações.
Enquanto isso, Valerii Zaluzhnyi, ex-comandante militar demitido por Zelensky, ganha destaque nas pesquisas e aparece como possível alternativa de liderança. O apoio popular e o prestígio militar podem torná-lo uma figura-chave em um novo cenário político moldado por um acordo de paz.
O momento é delicado. A lei marcial vigente na Ucrânia impede eleições, mas um cessar-fogo poderia abrir brechas para mudanças políticas significativas. Para Moscou, que avança lentamente no campo de batalha, um acordo negociado pode ser mais vantajoso do que manter uma guerra prolongada.
Para Zelensky, a perspectiva não é das melhores. Com sua popularidade em declínio e aliados questionando sua permanência no poder, ele já não é a figura inabalável que simbolizou a resistência ucraniana nos primeiros anos da guerra. O desfecho desse cenário pode transformar não apenas o equilíbrio de forças na Europa, mas também o próprio destino do líder ucraniano, que agora luta para não ser deixado à margem da história que ajudou a escrever.