O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que, se os Estados Unidos não estiverem dispostos a apoiar a adesão do país à Otan (Organização do tratado do Atlântico Norte), poderiam fornecer garantias alternativas de segurança, incluindo armas nucleares. A declaração foi feita em entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan e repercutida pelo site European Pravda.
Zelensky reconheceu que a entrada da Ucrânia na Otan pode levar “anos ou até décadas”, o que levanta, segundo ele, uma questão legítima: “O que nos protegerá desse mal durante todo esse tempo?”
O presidente ucraniano questionou qual seria o pacote de apoio oferecido ao país e cobrou medidas concretas. “Qual pacote de apoio? Quais mísseis? Eles vão nos dar armas nucleares? Então, que nos deem armas nucleares”, declarou.

Ele sugeriu que o Ocidente pode fornecer mísseis de dissuasão, mas duvidou de sua eficácia contra o arsenal nuclear russo. “Vamos fazer o seguinte: devolvam-nos as armas nucleares; deem-nos sistemas de mísseis. Parceiros, ajudem-nos a financiar um exército de um milhão de soldados; movam seus contingentes para as partes do nosso Estado onde queremos estabilidade da situação, para que as pessoas tenham tranquilidade.”
Zelensky também argumentou que, se a invasão russa foi motivada pelo temor da entrada da Ucrânia na Otan, então, se o país permanecer fora da aliança, Moscou deveria recuar completamente. “Ele [Putin] invadiu porque tinha medo de que nos tornássemos membros da Otan. Ok, não somos membros da Otan. Então saia da nossa terra”, afirmou.
As declarações do líder ucraniano ocorrem em meio a incertezas sobre o futuro do apoio militar ocidental, especialmente dos Estados Unidos, cujo Congresso ainda não aprovou um novo pacote de ajuda. O governo Biden insistiu na necessidade de continuar fornecendo assistência à Ucrânia, mas enfrentou resistência de setores republicanos e agora vê a situação mais delicada com a posse de Donald Trump, que ameaça reduzir ou até cortar o apoio.
Enquanto isso, a Ucrânia segue em uma posição delicada no campo de batalha. Embora tenha conseguido conter o avanço russo em diversas frentes, o país enfrenta desafios com a escassez de munição e dificuldades logísticas para manter suas defesas ativas.
A questão da adesão à Otan tem sido um dos principais pontos de atrito entre Kiev e Moscou desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia. Desde então, a Ucrânia tem buscado apoio internacional para fortalecer sua segurança e dissuadir novas agressões, mas a entrada na aliança militar é uma hipótese considerada somente em caso de um cessar-fogo.