Turquia coloca ex-jogador da NBA na lista de “terroristas” procurados

Ancara diz que Enes Freedom é ligado ao clérigo Fethullah Gulen, acusado de liderar um golpe de Estado na Turquia em 2016

O jogador de basquete turco Enes Freedom, que no auge da carreira foi uma figura relevante na NBA  (Associação Nacional de Basquete, da sigla em inglês), a liga profissional do esporte nos EUA, teve seu nome inserido na lista de “terroristas” procurados pelo governo da Turquia. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Freedom figura agora na chamada “lista cinza” do governo turco, a mais baixa categoria em uma escala de cinco cores. No caso, a recompensa oferecida por Ancara pela captura dele é de 500 mil liras turcas (R$ 138 mil).

Enes Freedom, jogador de basquete (Foto: reprodução/Facebook pessoal)

O astro do esporte, que ganhou fama como Enes Kanter, chegou a mudar de nome para fortalecer sua posição de luta pelos direitos humanos e acrescentou no final o Freedom, que inglês significa “liberdade”.

Crítico do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, ele teve o passaporte cancelado pelo governo de seu país em 2017 e obteve a cidadania norte-americana em 2021. Alvo de ameaças de morte, evita viajar ao exterior e mantém contato permanente com as agências de segurança dos EUA para se proteger.

Freedom disse que soube da inclusão de seu nome na lista de “terroristas” quando participava de um evento de basquete para crianças no Vaticano, uma das raras viagens que foi autorizado a fazer ao exterior. Imediatamente, o FBI, a polícia federal norte-americana, o aconselhou a retornar aos EUA.

“Esta é a primeira vez que o governo turco coloca uma recompensa pela minha cabeça e me coloca na lista dos terroristas mais procurados, só porque falo sobre algumas das violações dos direitos humanos e prisioneiros políticos que existem na Turquia”, disse ele à rede Fox News. “E, você sabe, eu não sou o único. Há tantos jornalistas, acadêmicos, professores e celebridades nessa lista”.

Ancara diz que o atleta é ligado ao clérigo Fethullah Gulen, que também vive hoje nos EUA e é acusado de liderar um golpe de Estado fracassado contra Erdogan em 2016. O movimento liderado pelo pensador, que nega a acusação de golpe, é considerado terroristas pela Turquia.

Na mira da China

Além da Turquia, outro país que frequentemente é alvo de críticas por parte de Freedom é a China, igualmente por seu histórico de abusos dos direitos humanos. Em novembro de 2021, ele chegou a acusar Beijing de comandar um esquema de extração forçada de órgãos para transplantes, suspeita que já havia sido levantada por especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Antes, Freedom havia criticado o presidente Xi Jinping, a quem chamou de “ditador” e “maníaco por controle”, citando a vigilância tecnológica e a censura digital no país asiático. As manifestações levaram o governo chinês a proibir que jogos do Boston Celtics, então o time de Freedom na NBA, fossem exibidos na televisão da China.

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