A Turquia disse na segunda-feira (27) que as negociações de adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com a Suécia e a Finlândia serão realizadas em março. As negociações foram adiadas em janeiro devido a um desentendimento com Estocolmo que teve como consequência uma turbulência diplomática. As informações são agência Reuters.
A interrupção nas tratativas ocorreu quando o político sueco-dinamarquês de extrema-direita Rasmus Paludan ateou fogo no Alcorão, o livro sagrado do Islã, do lado de fora da embaixada turca na capital do país no mês passado em protesto contra o ingresso do país escandinavo na aliança militar.
Desde maio do ano passado, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan vem se mostrando um obstáculo nas pretensões de Finlândia e Suécia de ingressar na Otan. O líder inclusive se manifestou publicamente contra a oferta sueca de ingressar na aliança militar após o incidente, mesma situação que vive a Finlândia, embora o líder turco diga que o caso de Helsinque é “menos problemático”.
Agora, segundo o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, “a reunião será realizada em 9 de março”, disse ele durante entrevista coletiva em Ancara. A reunião, que marca o terceiro encontro trilateral sobre a proposta de adesão, será realizada em Bruxelas.
Cavusoglu disse que Ancara poderia considerar a adesão da Suécia e da Finlândia separadamente.
“Não é possível para nós darmos consentimento (a uma oferta da Otan) antes que a Suécia cumpra seus compromissos “, disse ele. “Infelizmente, não vimos passos satisfatórios da Suécia na implementação do memorando de Madri”.
Isso porque, segundo a Turquia, a Suécia precisa adotar uma postura mais clara sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem militantes de milícias curdas. Estocolmo cedeu parcialmente às exigências ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição de Mahmut Tat, acusado de ligação com o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), grupo considerado extremista inclusive pelos EUA e a União Europeia (UE).
A Suécia planeja decidir formalmente em 9 de março sobre uma proposta há muito planejada para criminalizar o ato de fazer parte ou mesmo de endossar uma organização terrorista. Estocolmo pretende que a legislação entre em vigor em 1º de junho, embora nenhuma data tenha sido marcada para uma votação parlamentar sobre o projeto.
Tanto a Suécia quanto a Finlândia anunciaram planos de se juntar à Otan em maio de 2022. Os dois países abandonaram suas políticas de longa data de não alinhamento militar e solicitaram a adesão após as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia em fevereiro.
A Otan exige aprovação unânime para admitir novos membros. Enquanto 28 dos 30 Estados da aliança ratificaram as mudanças do tratado em seus parlamentos nacionais, a fim de aprovar aceitação dos países nórdicos. Além da Turquia, a Hungria têm frustrado os planos de Helsinque e Estocolmo.