Ucrânia segue exemplo da Rússia e prepara recrutamento militar para criminosos

Lei vem sendo debatida no país e foi aprovada em primeira leitura, com a previsão de liberdade condicional aos condenados alistados

Com dificuldade para repor as perdas humanas e ante ao desgaste dos combatentes ativos, a Ucrânia vem buscando alternativas para recrutar novos soldados para suas Forças Armadas após mais de dois anos de guerra com a Rússia. A alternativa mais recente de Kiev é justamente inspirada no inimigo: o recrutamento de criminosos condenados. As informações são da agência Reuters.

Nesta quarta-feira (10), os parlamentares ucranianos aprovaram a primeira leitura de um projeto de lei que permitiria a determinados presos lutar pelo país na guerra em troca de liberdade condicional. Nem todos os criminosos, porém, estariam autorizados, sendo excluídos aqueles que cometeram crimes contra a humanidade, violência sexual, homicídio ou crimes contra a segurança nacional.

Soldados das Forças Armadas da Ucrânia na guerra contra a Rússia (Foto: facebook.com/GeneralStaff.ua)

O projeto de lei agora deve passar por alterações antes de uma segunda leitura, com o objetivo de corrigir vácuos legais que venham a abrir espaço para corrupção.

Na Rússia, o recrutamento de presos começou em 2022 e gerou polêmica, sem uma estatística oficial de quantos criminosos foram beneficiados. Foi liderado pelo Wagner Group, organização paramilitar privada que atualmente passa por um desmanche após a morte de seu líder, Evgeny Prigozhin.

Na oportunidade, o próprio Prigozhin foi visto em alguns presídios conversando com criminosos a fim de convencê-los a lutar em troca de perdão por seus crimes. Lá, entretanto, criminosos violentos, como os condenados por homicídio, foram incluídos no projeto e ganharam liberdade após lutar.

Na Ucrânia, a escassez de mão de obra militar já havia levado a uma redução da idade mínima de recrutamento, de 27 para 25 anos, segundo a agência Associated Press (AP). A lei foi assinada pelo presidente Volodymyr Zelensky em março.

E o governo tende adotar medidas ainda mais severas, conforme debate um novo texto que ampliaria o alcance do recrutamento e imporia punições duras aos que recusassem a convocação.

Em fevereiro, o think tank Center For European Policy Analysis publicou um artigo assinado por Mykyta Vorobiov que aborda a questão. Segundo o texto, todos os ucranianos em idade militar, dos 18 aos 60 anos, teriam que criar uma conta digital através da qual poderiam ser convocados. Sanções seriam impostas aos desertores.

“Essas punições incluiriam a proibição do uso de serviços consulares no exterior e o bloqueio de contas bancárias de recrutas”, diz o artigo. “A proibição consular levanta questões sobre dezenas de milhares de homens ucranianos que vivem fora da Ucrânia, que foram repetidamente convidados a regressar para lutar pelo seu país. O ressentimento relativamente à sua ausência está crescendo.”

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