Xi poderia encerrar a guerra da Ucrânia com um telefonema, afirma presidente finlandês

Alexander Stubb destaca a dependência russa em relação a Beijing e diz que isso permite ao líder chinês exercer poder sobre Putin

Bastaria uma telefonema do líder chinês Xi Jinping para o homólogo russo Vladimir Putin e a guerra da Ucrânia estaria encerrada. A avaliação é do presidente da Finlândia, Alexander Stubb, que falou em entrevista à rede Bloomberg.

“A Rússia está tão dependente da China agora que um telefonema do presidente Xi Jinping resolveria esta crise”, disse ele, destacando o incômodo do lado ocidental com o apoio que Beijing tem dado a Moscou no conflito, mesmo ante ao risco de sanções.

“Se ele (Xi) dissesse ‘é hora de começar a negociar a paz’, a Rússia seria forçada a fazer isso”, acrescentou Stubb. “Eles não teriam outra escolha.”

Presidentes da China, Xi Jinping e da Rússia, Vladimir Putin, no Cazaquistão, julho de 2024 (Foto: Kremlin)

A principal crítica à China no contexto do conflito é quanto ao fornecimento de equipamento às Forças Armadas da Rússia, algo que oficialmente Beijing nega. Entretanto, têm se acumulado os indícios de que empresas chinesas entregam itens de dupla utilização, que podem ter funções também militares, e mesmo armamento.

É economicamente, no entanto, que a afirmação de Stubb se justifica. De acordo com a agência Reuters, as exportações chinesas para a Rússia aumentaram 64,2% em 2023 na comparação com 2021, último ano antes do início da guerra. Dados alfandegários apontam que o comércio geral entre os dois países atingiu um recorde de US$ 240 bilhões no ano passado.

A Bloomberg, por sua vez, destaca que a China foi responsável por cerca de 28% do comércio total da Rússia em 2023, contra 19% de 2021. Os números vão na contramão do distanciamento que muitos países têm buscado em relação a Moscou, duramente afetada por sanções. A União Europeia (UE), por exemplo, viu sua participação no comércio russo cair de 36% para 17% no mesmo período.

Ainda segundo Stubb, a guerra não beneficia Beijing, que ao buscar a paz fortaleceria sua posição entre as lideranças geopolíticas globais. “Ela precisa proteger as regras internacionais que estão ligadas à integridade territorial e à soberania”, afirmou o presidente finlandês. “Essa é a coisa certa a fazer. E isso também mostraria liderança da China.”

Entretanto, a autoridade admite que o momento não permite pensar em um acordo, dadas as condições esperadas pela Rússia para encerrar a guerra. A alternativa é empurrar Kiev à vitória.

“Está fora de questão pressionar por um cessar-fogo no momento, precisa haver uma negociação de paz genuína”, disse. “A única coisa que a Rússia entende é poder. E, portanto, quanto mais pudermos ajudar a Ucrânia agora, mais rápido faremos a guerra terminar.”

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