Acabar com a Aids até 2030 é uma ‘escolha política e financeira’, diz a ONU

Número de pessoas em tratamento antirretroviral no mundo aumentou quase quatro vezes, de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões em 2022

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Existe um caminho claro para acabar com a Aids até 2030, e ele requer uma forte liderança política, seguindo a ciência, combatendo as desigualdades e garantindo financiamento sustentável.

Essa é a mensagem do Unaids, agência da ONU dedicada a acabar com a epidemia, que disse na quinta-feira (13) que erradicá-la de verdade se resume a uma “opção política e financeira”. 

A diretora executiva da agência, Winnie Byanyima, disse que os líderes de hoje têm a oportunidade de salvar milhões de vidas e serem “lembrados pelas gerações futuras” como aqueles que acabaram com a pandemia mais mortal do mundo.

“Eles podem salvar milhões de vidas e proteger a saúde de todos. Eles poderiam mostrar o que a liderança pode fazer”, disse ela. 

De acordo com um novo relatório do Unaids, Botswana, Eswatini, Ruanda, Tanzânia e Zimbábue já alcançaram o que é conhecido como metas “95-95-95”: 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status, 95% das pessoas que sabem que estão vivendo com HIV estão em tratamento antirretroviral salva-vidas e 95% das pessoas em tratamento são suprimidas viralmente. 

Paciente recebe medicação retroviral em posto de saúde da ONU em Botsuana (Foto: Unaids)
Progresso constante

O progresso foi mais forte nos países e regiões que mais gastaram no combate ao HIV/Aids, como no leste e no sul da África, onde as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010.

Após o apoio e investimento para acabar com a Aids entre crianças, 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com HIV em todo o mundo tiveram acesso ao tratamento antirretroviral no ano passado, acima dos 46% de 2010.

Novas infecções entre crianças caíram 58% durante o mesmo período, o número mais baixo desde a década de 1980, informou o Unaids.

O progresso também foi reforçado ao garantir que as estruturas legais e políticas não prejudiquem os direitos humanos, mas sim os capacitem e os protejam. Os países continuaram a reverter leis prejudiciais. Nos últimos dois anos, Antígua e Barbuda, Ilhas Cook, Barbados, Saint Kitts e Nevis e Singapura descriminalizaram as relações entre pessoas do mesmo sexo.

O número de pessoas em tratamento antirretroviral em todo o mundo aumentou quase quatro vezes, de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões em 2022.

Uma vida por minuto

Mas ainda há um longo caminho a percorrer para atingir a aspiração de acabar com a Aids até 2030. A doença ceifou uma vida a cada minuto no ano passado, disse a agência da ONU, e cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não recebem tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV.

Mulheres e meninas continuam sofrendo de forma desproporcional, especialmente na África subsaariana. Cerca de quatro mil mulheres e meninas foram infectadas com o HIV a cada semana em 2022. 

Obter financiamento suficiente para enfrentar o desafio também está se mostrando difícil, com um declínio geral no ano passado, tanto de fontes domésticas quanto internacionais. O financiamento totalizou US$ 20,8 bilhões, muito aquém dos US$ 29,3 bilhões necessários até 2025.

Otimismo cauteloso

“Estamos esperançosos, mas não é o otimismo relaxado que poderia surgir se tudo estivesse indo como deveria”, disse Byanyima. “É, ao contrário, uma esperança enraizada em ver a oportunidade de sucesso, uma oportunidade que depende da ação.”

“Os fatos e números compartilhados neste relatório não mostram que como mundo já estamos no caminho, eles mostram que podemos estar. O caminho está livre”, acrescentou.

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