Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Existe um caminho claro para acabar com a Aids até 2030, e ele requer uma forte liderança política, seguindo a ciência, combatendo as desigualdades e garantindo financiamento sustentável.
Essa é a mensagem do Unaids, agência da ONU dedicada a acabar com a epidemia, que disse na quinta-feira (13) que erradicá-la de verdade se resume a uma “opção política e financeira”.
A diretora executiva da agência, Winnie Byanyima, disse que os líderes de hoje têm a oportunidade de salvar milhões de vidas e serem “lembrados pelas gerações futuras” como aqueles que acabaram com a pandemia mais mortal do mundo.
“Eles podem salvar milhões de vidas e proteger a saúde de todos. Eles poderiam mostrar o que a liderança pode fazer”, disse ela.
De acordo com um novo relatório do Unaids, Botswana, Eswatini, Ruanda, Tanzânia e Zimbábue já alcançaram o que é conhecido como metas “95-95-95”: 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status, 95% das pessoas que sabem que estão vivendo com HIV estão em tratamento antirretroviral salva-vidas e 95% das pessoas em tratamento são suprimidas viralmente.
Progresso constante
O progresso foi mais forte nos países e regiões que mais gastaram no combate ao HIV/Aids, como no leste e no sul da África, onde as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010.
Após o apoio e investimento para acabar com a Aids entre crianças, 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com HIV em todo o mundo tiveram acesso ao tratamento antirretroviral no ano passado, acima dos 46% de 2010.
Novas infecções entre crianças caíram 58% durante o mesmo período, o número mais baixo desde a década de 1980, informou o Unaids.
O progresso também foi reforçado ao garantir que as estruturas legais e políticas não prejudiquem os direitos humanos, mas sim os capacitem e os protejam. Os países continuaram a reverter leis prejudiciais. Nos últimos dois anos, Antígua e Barbuda, Ilhas Cook, Barbados, Saint Kitts e Nevis e Singapura descriminalizaram as relações entre pessoas do mesmo sexo.
O número de pessoas em tratamento antirretroviral em todo o mundo aumentou quase quatro vezes, de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões em 2022.
Uma vida por minuto
Mas ainda há um longo caminho a percorrer para atingir a aspiração de acabar com a Aids até 2030. A doença ceifou uma vida a cada minuto no ano passado, disse a agência da ONU, e cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não recebem tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV.
Mulheres e meninas continuam sofrendo de forma desproporcional, especialmente na África subsaariana. Cerca de quatro mil mulheres e meninas foram infectadas com o HIV a cada semana em 2022.
Obter financiamento suficiente para enfrentar o desafio também está se mostrando difícil, com um declínio geral no ano passado, tanto de fontes domésticas quanto internacionais. O financiamento totalizou US$ 20,8 bilhões, muito aquém dos US$ 29,3 bilhões necessários até 2025.
Otimismo cauteloso
“Estamos esperançosos, mas não é o otimismo relaxado que poderia surgir se tudo estivesse indo como deveria”, disse Byanyima. “É, ao contrário, uma esperança enraizada em ver a oportunidade de sucesso, uma oportunidade que depende da ação.”
“Os fatos e números compartilhados neste relatório não mostram que como mundo já estamos no caminho, eles mostram que podemos estar. O caminho está livre”, acrescentou.