Campanha de Natal do Vaticano apoia deslocados na África e no Oriente Médio

Fundação acolhe refugiados e pessoas deslocadas internamente em países onde há conflito armado, dando suporte à Igreja onde ela é mais frágil

Antes do Natal, a Fundação Pontifícia AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), entidade com sede no Vaticano que tem por missão dar assistência à Igreja onde ela é mais carente ou perseguida, lançou uma nova campanha para apoiar refugiados e pessoas deslocadas internamente na África e no Oriente Médio. As informações são do portal Vatican News.

Um dos países de operação da instituição de caridade católica internacional é Burkina Faso, onde o número de deslocados internos aumentou para 1,4 milhão devido à escalada de ataques de insurgentes jihadistas.

A AIS e os seus parceiros locais tentam assegurar assistência pastoral, alimentação e educação religiosa às crianças. A crescente insegurança tornou a missão extremamente difícil para padres, freiras e catequistas chegarem a muitas paróquias para celebrar missas e ensinar o catecismo. A maioria das atividades pastorais foi suspensa. Neste contexto, o rádio tornou-se o principal meio de comunicação, principalmente na área rural.

Comunidade cristã celebrando o Natal no Paquistão (Foto: Vatican News/Divulgação)

O padre Victor Ouedraogo, diretor do Centro de Comunicação Notre Dame du Sahel, da Diocese de Ouahigouya, destacou o papel crucial desempenhado pelos programas de rádio na promoção da coesão social e na reconciliação das comunidades em meio a tensões crescentes. Por conta disso, a produção de programas de rádio locais é um dos projetos que a Fundação Pontifícia decidiu apoiar com a sua campanha de Natal.

“Esses programas permitirão aos cristãos e à população local ouvir os apelos de tolerância e coexistência pacífica de nossos líderes religiosos. Os católicos também poderão ouvir o Evangelho e os ensinamentos da Igreja, apesar deste contexto difícil, disse o padre Ouedraogo.

Moçambique

Moçambique é outro país africano que enfrenta a insurgência islâmica, nomeadamente na província de Cabo Delgado, no norte, de onde mais de 800 mil pessoas foram deslocadas. A violência eclodiu no final de 2017, quando um grupo jihadista local afiliado ao Estado Islâmico (EI) iniciou uma insurgência que aumentou nos últimos dois anos.

A província é uma das mais pobres de Moçambique, mas é muito rica em gás e rubis, o que tem atraído muitas corporações estrangeiras, além das milícias jihadistas, que querem introduzir a lei islâmica e criar um califado. Os rebeldes atacam aldeias e igrejas e matam civis e soldados para assumir infraestruturas estratégicas e minas. Os ataques estão se tornando cada vez mais violentos e têm como alvo cristãos e muçulmanos.

Muitos deslocados de Cabo Delgado refugiaram-se nas paróquias de Pemba. As arrecadações da campanha de Natal da AIS serão utilizadas para apoiar estas pessoas.

Síria

A campanha também ajudará a apoiar o trabalho de socorro contínuo da AIS aos sírios. Desde o início da guerra, em 2011, milhões de pessoas fugiram da Síria e há cerca de 7 milhões de deslocados que vivem no país. Depois de sofrer com o conflito e as atrocidades cometidas pelo EI, os sírios sofrem agora o impacto da crise econômica e das sanções internacionais e 13,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária. Muitos fugiram para o Líbano, onde as paróquias locais estão a prestar cuidados pastorais, abrigo e cuidados de saúde com o apoio da Fundação.

Segundo o padre Hugo Fabian Alaniz, sacerdote argentino que trabalha com deslocados em Aleppo, “é um dever moral da Igreja apoiar os cristãos no Oriente Médio, pois foram eles os primeiros a difundir o Evangelho no mundo”.

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