Dezenas de países fazem oposição à participação de atletas russos e belarussos como neutros

Recomendações do COI em março foram condenadas pela Ucrânia, que levantou a possibilidade de boicotar os Jogos Olímpicos de 2024

Em desacordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), que recomendou no final de março às federações internacionais que autorizem atletas da Rússia e de Belarus a participarem de competições sob bandeira neutra em modalidades individuais, ministros de Esportes de dezenas de países da América do Norte, Europa e Ásia emitiram um comunicado na quinta-feira (4) manifestando oposição à presença desses competidores. As informações são da rede Radio Free Europe.

Desde a invasão da Ucrânia, atletas russos passaram a ser vetados em inúmeros eventos globais, tornando o país um pária no calendário esportivo. Pelo apoio a Moscou, Minsk sofre as mesmas punições.

“Afirmamos que o Estado russo, que quebrou a trégua olímpica duas vezes, não deve ser autorizado a usar o esporte para legitimar sua invasão bárbara e não provocada da Ucrânia, nem o Estado belarrusso deve ser capaz de usar o esporte para legitimar sua cumplicidade na guerra de agressão da Rússia”, disseram os ministros do Esporte ou seus equivalentes nos 36 países em um comunicado reproduzido pelo site do Departamento de Estado dos EUA.

Bandeiras do COI e da Rússia na cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno 2014 em Sochi (Foto: WikiCommons)

As recomendações do COI feitas em março, que estabeleceu alguns requisitos para que os atletas dos dois países pudessem voltar às competições – entre elas de não ter apoiado a guerra ativamente e não usar símbolos nacionais –, foram condenadas pela Ucrânia. Kiev inclusive cogitou um boicote aos Jogos Olímpicos de Paris no ano que vem no caso da presença de competidores com passaporte russo e belarrusso.

A pouco mais de um ano do início dos Jogos de Paris, a campanha da Ucrânia para que atletas da Rússia e Belarus fiquem de fora do principal evento esportivo do mundo tem sido forte. Um dia após o anúncio do COI, o Ministério da Juventude e Esportes ucraniano disse que Kiev “advogou consistentemente e continuará a insistir” que, “dada a agressão da Rússia na Ucrânia e a assistência que Belarus forneceu no esforço de guerra, os atletas russos e belarussos deveriam não estar presente em arenas esportivas internacionais”.

A declaração conjunta também observou que algumas preocupações levantadas foram abordadas pelo COI, porém, “questões substanciais permanecem, incluindo possíveis conexões militares de atletas, financiamento estatal, definição de equipes e mecanismos de fiscalização”.

Os Estados que assinaram o documento ainda manifestaram que sua posição “não é de discriminação contra indivíduos com base em seu passaporte” e reafirmaram que respeitam os direitos de todos os atletas de serem tratados sem discriminação de acordo com a Carta Olímpica.

A declaração foi endossada por Albânia, Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coreia do Sul , Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.

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