O Estado Islâmico (EI) voltou ao centro do debate internacional após investigações indicarem que os autores do ataque antissemita na praia de Bondi, na Austrália, podem ter sido influenciados pela ideologia do grupo jihadista. Embora o movimento tenha sofrido derrotas militares significativas na última década, especialistas alertam que sua capacidade de inspirar atos de violência permanece ativa, sobretudo no ambiente digital. As informações são do The Guardian.
Originado como um braço da Al-Qaeda no Iraque, o Estado Islâmico ganhou projeção global em 2014 ao conquistar amplas áreas do Iraque e da Síria e proclamar um califado. Diferentemente de outros grupos jihadistas, o EI buscou controlar território e governar populações inteiras, impondo uma interpretação extremista e violenta do Islã.

Esse domínio territorial entrou em colapso a partir de 2017, quando o grupo perdeu cerca de 95% das áreas que controlava. Em 2019, seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, foi morto em uma operação militar dos Estados Unidos. Estimativas do Pentágono indicam que restam apenas alguns milhares de combatentes ativos no Iraque e na Síria.
Apesar disso, o Estado Islâmico segue relevante por meio da propaganda online. Plataformas digitais continuam sendo usadas para disseminar discursos extremistas e incentivar ataques de indivíduos radicalizados de forma isolada, conhecidos como “lobos solitários”. Esse modelo descentralizado dificulta a prevenção e amplia o alcance ideológico do grupo.
A ideologia do Estado Islâmico combina jihadismo salafista, violência sectária e uma visão apocalíptica do mundo. O grupo historicamente perseguiu muçulmanos xiitas, minorias religiosas e rivais sunitas, além de promover um discurso fortemente antissemita. Publicações oficiais do EI já retrataram judeus e outras nações como inimigos centrais em uma suposta guerra global.
No contexto do conflito no Oriente Médio, o grupo tenta explorar tensões regionais, como a guerra em Gaza, para fins de propaganda. No entanto, o Estado Islâmico rejeita explicitamente a ideia de Estados-nação e não apoia a autodeterminação palestina nos moldes defendidos por movimentos políticos tradicionais, defendendo apenas a expansão de um califado sob seu controle.
Casos recentes, como o ataque em Bondi, reforçam o alerta de autoridades sobre a persistência da ameaça extremista, não mais baseada no controle territorial, mas na capacidade de influência ideológica transnacional.