Execuções em todo o mundo atingiram o maior nível em cinco anos, segundo a Anistia

Relatório destaca um triste recorde registrado pela Arábia Saudita, que somente em um dia executou 81 pessoas

Com o Irã na liderança do ranking, as execuções de presos em todo o mundo atingiram em 2022 seu maior número em cinco anos. É o que aponta um levantamento publicado pela Anistia Internacional, que cita ainda outros países do Oriente Médio, bem como nações africanas e os EUA, entre os campeões de aplicação da pena de morte.

“A Anistia Internacional registrou 883 execuções em 20 países em 2022, marcando um aumento de 53% em relação às 579 registradas em 2021. Esse número representa o maior número de execuções que a Anistia Internacional registrou nos últimos cinco anos desde 2017, quando foram registradas 993 execuções”, diz o documento.

Protesto contra a pena de morte em Paris, julho de 2008 (Foto: Flickr)

O relatório destaca um triste recorde registrado pela Arábia Saudita, que somente em um dia executou 81 pessoas. Porém, quem ganha maior destaque negativo internacionalmente é Teerã, que tem usado a pena de morte como arma de repressão em meio aos protestos populares que tomaram as ruas do país desde setembro de 2022, após a morte da jovem Mahsa Amini nas mãos da polícia da moralidade.

À parte a China, que não divulga dados oficiais, o Oriente Médio é o campeão de execuções. No Irã elas dispararam de 314 em 2021 para 576 em 2022, enquanto na Arábia Saudita os casos triplicaram: de 65 em 2021 para 196 em 2022. Já o Egito, na África, executou 24 indivíduos. Os EUA também subiram no ranking, de 11 para 18, e surgem em quarto lugar na relação.

“Países na região do Oriente Médio e Norte da África violaram o direito internacional ao aumentarem as execuções em 2022, revelando um desrespeito insensível pela vida humana”, declarou Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional.

Além da China, que possivelmente realiza milhares de execuções anualmente e mantém os casos em sigilo, Coreia do Norte e Vietnã também não divulgam dados. Por isso, a entidade humanitária diz que a realidade da pena de morte é a ainda mais estarrecedora que a registrada oficialmente. Destaca também que 40% dos casos conhecidos estão associados a drogas.

“É importante ressaltar que, muitas vezes, aqueles de origens desfavorecidas são desproporcionalmente afetados por essa punição insensível”, afirmou Callamard. “É hora de os governos e a ONU (Organização das Nações Unidas) aumentarem a pressão sobre os responsáveis ​​por essas flagrantes violações dos direitos humanos e garantirem que as salvaguardas internacionais sejam implementadas.”

Como destaque positivo surgem quatro países que aboliram a pena de morte para todos os crimes: Cazaquistão, Papua Nova Guiné, Serra Leoa e República Centro-Africana. Por sua vez, Guiné Equatorial e Zâmbia aboliram a pena de morte apenas para crimes comuns. Malásia, Libéria e Gana também têm agido legislativamente no sentido de acabar com a punição capital.

“Como muitos países continuam a jogar a pena de morte na lata de lixo da história, é hora de outros fazerem o mesmo. As ações brutais de países como Irã, Arábia Saudita, China, Coréia do Norte e Vietnã estão agora firmemente em minoria. Esses países devem atualizar urgentemente os tempos, proteger os direitos humanos e executar a justiça em vez das pessoas”, declarou Callamard.

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