Irã confirma pena de morte imposta a cidadão com nacionalidade alemã

Jamshid Sharmahd foi condenado por envolvimento em um ataque que terminou com a morte de 14 pessoas em 2008

A mais alta instância da Justiça do Irã manteve na quarta-feira (26) a sentença de pena de morte imposta a Jamshid Sharmahd, um cidadão local que também tem nacionalidade alemã. Ele é acusado de ligação com um ataque que terminou com a morte de 14 pessoas em 2008. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

“A sentença foi confirmada pelo Supremo Tribunal. Depois que o tribunal de primeira instância for notificado, ações serão tomadas para implementar a decisão do Supremo Tribunal”, disse Masoud Setayeshi, porta-voz do Judiciário iraniano.

Manifestação em Estocolmo, na Suécia, pelo fim da repressão estatal no Irã (Foto: Artin Bakhan/Unsplash)

Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha, usou a conta dela no Twitter para contestar a sentença e o procedimento que levou a ela, considerado injusto por Berlim. A pena havia sido aplicada em fevereiro e agora foi confirmada, com o recurso rejeitado.

“A confirmação da sentença de morte contra Jamshid Sharmahd é inaceitável. Jamshid Sharmahd nunca teve uma abordagem de julgamento justo. Apelamos ao Irã para reverter esse julgamento arbitrário imediatamente”, disse ela

A Guarda Revolucionária do Irã prendeu dezenas de cidadãos de dupla nacionalidade e estrangeiros nos últimos anos, principalmente sob acusações de espionagem. Ativistas de direitos humanos acusam Teerã de realizar esse tipo de detenção para usar os estrangeiros como moeda de troca, na tentativa de obter concessões de países ocidentais que impuseram sanções econômicas ao Irã.

Ainda de acordo com a ministra, Berlim está “fazendo tudo o que pode” pela libertação de Sharmahd e contra a execução da sentença. “Nosso embaixador no Irã interrompeu imediatamente uma viagem de negócios e está voltando para Teerã para intervir junto às autoridades iranianas”, acrescentou ela.

Gazelle Sharmahd, filha do acusado, faz coro com o governo alemão ao denunciar as irregularidades do caso. Segundo ela, o pai não tem autorização para se comunicar com a família, está em encarceramento solitário e nem o próprio advogado pôde escolher, sendo-lhe designado um pelo Estado.

“Sabemos que eles tiraram todos os seus direitos”, disse ela. “Ele perdeu 18 quilos. Perdeu todos os dentes. Sabemos que o estão torturando. E, agora que o torturaram por dois anos e meio, querem tirar sua vida”.

A filha ainda afirma que, embora o pai seja acusado de terrorismo, foi sentenciado à morte pelo crime de “corrupção na terra”, uma expressão genérica usada pelo regime islâmico para designar comportamentos que contrariem os padrões iranianos.

Sharmahd é suspeito de liderar o Tondar, uma organização iraniana baseada nos Estados Unidos que luta para devolver o poder no país árabe à monarquia pró-Ocidente que foi derrubada durante a Revolução Islâmica de 1979.

Ele chegou a viver em Los Angeles antes de se mudar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde foi sequestrado pelas forças iranianas e levado para ser julgado no Irã. A família nega que o homem tenha participado de qualquer ação do Tondar e diz que ele apenas atuou como porta-voz da entidade.

O caso de Sharmahd, que tem dupla cidadania, alemã e iraniana, não é isolado. A Guarda Revolucionária Islâmica prendeu dezenas de cidadãos com nacionalidade estrangeira nos últimos anos, principalmente sob acusações de espionagem.

Ativistas de direitos humanos alegam que Teerã realiza esse tipo de detenção para usar os estrangeiros como moeda de troca, na tentativa de obter concessões de países ocidentais que impuseram sanções econômicas ao Irã.

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