Mais de 55 milhões de trabalhadores domésticos podem perder o emprego

Trabalhadoras chegam a 37 milhões desse total e correm maior risco; maioria é informal e não tem acesso a abono

Mais de 55 milhões de trabalhadores domésticos em todo o mundo correm o risco de perder o emprego com a crise do coronavírus, afirmou a OIT (Organização Internacional do Trabalho) nesta segunda (16). As mulheres somam 37 milhões desse total.

A região mais afetada é o sudeste asiático e o Pacífico, onde 76% dos trabalhadores domésticos podem ser impactados pela pandemia. Os dados foram colhidos pela OIT em junho.

Em segundo lugar, aparecem as Américas, com 74%, seguido pela África, onde 72% dos trabalhadores domésticos correm o risco de perder o emprego. Na Europa, esse percentual é de 45%.

Os trabalhadores informais têm mais chance de sofrer impactos, com 76% podendo perder o emprego ou ter corte nas horas de trabalho.

Trabalhadores formais e informais foram igualmente obrigados a permanecer em casa com o isolamento imposto pelos governos.

No entanto, formais tem acesso ao seguro-desemprego. Já os informais ficam sem renda, aumentando a dificuldade para sustentar a família e atender a necessidades básicas.

No caso dos trabalhadores migrantes, que muitas vezes moram na casa das famílias que os empregam, alguns foram colocados nas ruas após serem demitidos.

No Líbano, por exemplo, trabalhadores domésticos etíopes foram demitidos e estão vivendo nas ruas por não conseguirem voltar ao país de origem, conforme informações da agência de notícias Associated Press.

Mais de 55 milhões de trabalhadores domésticos correm o risco de perder o emprego
Trabalhadora doméstica em Lilongwe, capital do Malaui (Foto: Marcel Crozet/OIT)

Questões pré-existentes

Ainda segundo a OIT, a pandemia tem evidenciado problemas que já existiam. Por exemplo, apenas 10% dos trabalhadores domésticos tem acesso à previdência social.

Uma parcela grande desses profissionais são sub-remunerados: em média, recebem cerca de um quarto da média dos outros trabalhadores. Assim, também ficam impossibilitados de economizar para uma emergência.

Em algumas regiões, esses empregos são ocupados predominantemente por migrantes. Neste caso, dependem dos salários para enviar remessas aos familiares em seus países de origem.

Mais horas de trabalho

Entre os trabalhadores domésticos que não perderam o emprego durante a pandemia, muitos vivem a quarentena isolado com seus empregadores.

Em vários casos, isso significa mais horas de trabalho e novas responsabilidades — com crianças em casa por causa do fechamento das escolas, por exemplo — e tarefas de limpeza mais rigorosas.

Em outras situações, segundo a OIT, os empregadores deixaram de pagar esses trabalhadores. A justificativa seria a de que não precisam de seus salários por estarem vivendo nas casas dos patrões, sem sair de casa.

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