Mundo segue quebrando recordes de emissões de gases de efeito de estufa

Crescimento no Brasil deve chegar a 10% no período em análise por fatores como desmatamento e alterações no uso da terra

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

As Nações Unidas sublinham que os níveis de 2030 estarão 22 giga toneladas (Gt) acima do limite de 1,5º C graus, se não mudar a tendência de alta das emissões globais de gases do efeito estufa.

O crescimento foi de 1,2% entre 2021 e 2022, um novo recorde registrado no Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023 – Temperaturas recordes quebradas atingiram novos máximos, mas o mundo não consegue reduzir as emissões (novamente).

A análise lançada nesta segunda-feira (20), em Nova York, ilustra o rumo das emissões, os compromissos dos países e o nível desejável para limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O documento é apresentado na preparação das negociações climáticas, a COP28.

A areia flui da mão de uma criança como se fosse uma ampulheta. No sudoeste da Etiópia, a seca agravada pelas alterações climáticas ameaça plantações e o gado, levando a população ao limite (Foto: Unicef/Pouget)

Sobre a publicação do Programa da ONU para o Meio ambiente (Pnuma), o secretário-geral destacou que os níveis das emissões deveriam estar descendo. Para António Guterres, o valor atual é aproximadamente o total das atuais emissões anuais dos Estados Unidos, da China e da União Europeia (UE) combinados.

Guterres citou recordes de temperatura registrados em junho, julho, agosto, setembro e outubro, considerados os meses mais quentes da história. Ele destaca que as tendências atuais levam “o planeta a uma alta sem saída” de 3º C.

O chefe da ONU enfatiza como o relatório apresenta uma semelhança entre o déficit de emissões “a um desfiladeiro de emissões” que está repleto de quebra de promessas, vidas e recordes.

Brasil

Para o secretário-geral das Nações Unidas, esses fatores combinados revelam “um fracasso de liderança, uma traição aos vulneráveis e uma enorme oportunidade perdida”.

Estimativas preliminares sobre o Brasil, o único lusófono mencionado na análise, revelam um aumento de 10% nas emissões em 2022 na comparação com 2021. Entre os motivos principais estão o desmatamento e as mudanças no uso da terra, que continuam concentradas nas regiões tropicais.

O total das emissões entre 1850 e 2021 varia entre as regiões do globo. Os Estados Unidos da América são responsáveis pela maior parte das emissões, seguidos pela União Europeia e pela China.

No mesmo período, os EUA e a União Europeia foram responsáveis por quase um terço do total das emissões que “contribuíram de forma significativa para o aquecimento, incluindo o impacto das emissões de metano e óxido nitroso, desde a industrialização”.

Maiores economias do mundo

Numa análise das metas nacionalmente determinadas, ou NDC, dos membros do grupo das maiores economias do mundo (G20), prevê-se que os integrantes do bloco não atinjam a estimativa de 2 GtCO2 até 2030.

Egito, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Uruguai destacam-se entre os nove países com metas nacionais novas ou atualizadas. O grupo se propõe a reduzir ainda mais as emissões, indo além das metas que foram definidas até o fim da década.

O Pnuma observa que as temperaturas médias globais estiveram 1,8°C acima dos níveis pré-industriais em setembro de 2023.

A diretora executiva da agência, Inger Anderson, adverte sobre as estimativas dos especialistas sobre o tema dando como quase certo de que 2023 será o ano mais quente já registrado.

Acordo de Paris

Ela destaca que a nova edição do relatório confirma que o mundo deve mudar de rumo ou será repetida a mesma mensagem nos próximos anos que podem ser marcados por novos recordes.

Anderson  destaca que com a implementação plena e contínua dos esforços de mitigação dos NDCs até 2030, segundo o Acordo de Paris, o mundo teria um aumento da temperatura de 2,9°C até o fim deste século.

Se houvesse uma execução condicionada, e maiores ações a redução seria para 2,5°C, destaca a chefe do Pnuma. 

Ela adverte que com os intensos impactos verificados, nenhum desses resultados é desejável e os progressos alcançados desde 2015, com a adoção do Acordo de Paris, mostraram que o mundo pode mudar.

A agência destaca que as emissões de gases com efeito de estufa previstas para 2030 deverão cair 28% para uma trajetória de 2°C definida no Acordo de Paris e 42%, para a via de 1,5°C.

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