ONU afirma que paridade de gênero na política só chegará em 2063

Levantamento destaca ritmo lento para promover a participação eficaz das mulheres em todas as áreas da sociedade

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

As mulheres ocupam hoje um em cada quatro assentos parlamentares, e a porcentagem da população feminina que vive na pobreza extrema caiu para menos de 10%.

Esses avanços foram apresentados na segunda-feira (16) no levantamento sobre gênero da edição de 2024 do Relatório de Progresso dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“O progresso é alcançável, mas não é suficientemente rápido”

A publicação organizada pela ONU Mulheres e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Ecosoc) revela ainda que, entre 2019 e 2023, foram promulgadas 56 reformas legais em todo o mundo que procuram combater a desigualdade de gênero.

Apesar dos bons resultados, o estudo afirma que no ritmo atual, a paridade de gênero nos parlamentos não será alcançada até 2063. Além disso, serão necessários 137 anos para tirar todas as mulheres e meninas da pobreza.

A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous (Foto: Lukasz Kobus/UE/WikiCommons)

Os dados apresentados no relatório mostram que nenhum dos indicadores e subindicadores do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, relativo à  igualdade de gênero, estão sendo alcançados.

Segundo a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, o relatório revela a “verdade inegável: o progresso é alcançável, mas não é suficientemente rápido”.

Impacto econômico da desigualdade de gênero

Para ela, é preciso união para “continuar a desmantelar as barreiras que as mulheres e meninas enfrentam e construir um futuro onde a igualdade de gênero não seja apenas uma aspiração, mas uma realidade.”

O relatório sublinha o custo deste tipo de desigualdade. Por exemplo, a estimativa global anual dos países que não conseguem educar adequadamente as suas populações jovens é superior a US$ 10 bilhões.

Além disso, os dados apontam que os países de rendimentos médio e baixo podem perder mais US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos se não superarem a disparidade digital entre homens e mulheres.

O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Econômicos e Sociais afirmou que “os custos da inação em matéria de igualdade de gênero são imensos”. Para Li Junhua “só podemos alcançar a Agenda 2030 com a participação plena e igualitária das mulheres e meninas em todas as partes da sociedade”.

Efeitos da legislsação sobre violência doméstica

O relatório inclui um conjunto de recomendações para eliminar a desigualdade de gênero em todos os 17 ODS. Um dos exemplos é na reforma jurídica, tendo em vista que os países com legislação sobre violência doméstica têm taxas mais baixas de violência entre parceiros íntimos. Nesses países, o índice desse tipo de caso é de 9,5% em comparação com 16,% naqueles que não a têm legislação específica.

O relatório apela por uma ação decisiva na Cúpula do Futuro, que acontecerá na sede da ONU em Nova York de 22 a 23 de setembro.

Os autores pedem ainda o cumprimento das promessas da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e o aumento dos investimentos para acabar com a discriminação contra mulheres e meninas. 

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