ONU: Encontro de alto nível discute ameaça da resistência antimicrobiana

Se nada for feito, doenças resistentes a medicamentos poderão causar 10 milhões de mortes, a cada ano, até 2050

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

Um encontro virtual de alto nível reuniu altos funcionários da ONU, chefes de governo e líderes empresariais para discutir a ameaça da resistência antimicrobiana. Atualmente, pelo menos cerca de 700 mil pessoas morrem, por ano, devido a doenças resistentes a medicamentos. 

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que a pandemia de Covid-19 foi “uma chamada de atenção para a necessidade de uma abordagem de saúde única para afastar a ameaça da resistência antimicrobiana e futuras pandemias.” 

Segundo ela, esta é a “oportunidade para responder e se recuperar melhor, em conjunto.” Já o presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, acredita que o problema é uma das maiores ameaças “seu potencial é arrasador”. Para ele, a pandemia deixou as pessoas “perfeitamente cientes dos impactos de uma crise de saúde.” 

ONU: Encontro de alto nível discute ameaça da resistência antimicrobiana
Pílulas de antibióticos em registro de agosto de 2016 (Foto: Divulgação/Pixabay)

Quimioterapia 

Bozkir contou ainda que nenhum dos 43 antibióticos atualmente em desenvolvimento é suficiente para combater o crescente surgimento e disseminação da resistência antimicrobiana. 

Segundo ele, “se as tendências atuais continuarem, intervenções sofisticadas como transplante de órgãos, substituições de articulações, quimioterapia do câncer e cuidados com bebês prematuros, que requerem antimicrobianos, se tornarão muito perigosas e não serão mais possíveis.” 

Se nenhuma ação for tomada, as doenças resistentes aos medicamentos podem causar 10 milhões de mortes, a cada ano, até 2050 e os danos à economia serão tão catastróficos quanto a crise financeira global de 2008-2009. Em 2030, o problema pode levar até 24 milhões de pessoas à pobreza extrema

Lições 

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, também realçou a importância de aprender com a crise da Covid-19, destacando questões como solidariedade global e prevenção e controle de infeções. 

Ele disse que o mundo precisa “garantir que organiza e canalizar os mais altos níveis possíveis de vontade política e iniciativa para combater a ameaça persistente de resistência antimicrobiana.” 

Já o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Qu Dongyu, destacou efeito desta ameaça não só para a saúde, mas também para a segurança alimentar. 

Parasitas 

Ele contou que a FAO espera um aumento de 45% na demanda por proteínas animais até 2050. Em muitas regiões, a resistência antimicrobiana em parasitas animais está adicionando novos desafios à produção animal.  

Para o chefe da FAO, o mundo deve “enfrentar o duplo desafio de atender as demandas por proteínas animais e, ao mesmo tempo, reduzir os riscos de resistência antimicrobiana.” 

Além dos chefes de agências da ONU, participaram no encontro chefes de governo de países como Bangladesh e Barbados, ministros de Estados-membros como Alemanha, Rússia e Gana e vários líderes de ONGs e empresas globais.  

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