Relatório diz que é possível atingir neutralidade em carbono até 2050 e indica ações nesse sentido

Investimento em energia com base numa porcentagem do PIB terá de subir de 1,24%, em 2020, para 2,05% por ano, de 2025 a 2050.

Apesar de crises energéticas e desafios internacionais, o mundo ainda tem como alcançar a neutralidade em carbono se as providências certas forem adotadas. Esta é a conclusão de um relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece) divulgado nesta segunda-feira (19).

O documento reflete a opinião de peritos internacionais e estatísticos da Europa, da América do Norte e Ásia Central e lista uma série de soluções políticas e de tecnologia para a região alcançar a neutralidade em carbono até 2050.

O estudo revela que o investimento em energia com base numa porcentagem do PIB (Produto Interno Bruto) terá de subir de 1,24%, em 2020, para 2,05% por ano, de 2025 a 2050.

Isso valoriza o montante necessário entre US$ 44,8 trilhões e 47,3 trilhões até 2050 considerando qualquer atraso adicional na tomada de ações.

Um dos exemplos são os custos de eventos causados por temperaturas extremas neste verão e durante os últimos anos. A falta de ação custa muito mais para a sociedade.

Emissão de carbono pode aumentar a temperatura média do planeta acima dos 2º C (Foto: Unplash)

A secretária-executiva da Unece afirma que a falta de ação é uma escolha política que levará a desafios ainda maiores no futuro. Olga Algayerova acredita que apenas ações imediatas e sustentadas podem descarbonizar a energia para evitar um desastre climático.

O relatório da ONU é um lembrete sombrio de que o aumento de investimento em combustíveis fósseis é uma ilusão a partir do momento em que tecnologias de baixo e zero carbono estão disponíveis.

A comissão da ONU afirma que os governos precisam abraçar as políticas de apoio à neutralidade em carbono criando formas de financiar uma transição justa para sistemas energéticos neutros em carbono.

Atualmente, mais de 80% do mix de energia primária em países cobertos pela Unece é baseado em combustíveis fósseis. Os modelos climáticos indicam que as ações nacionais e as metas internacionais do Acordo de Paris e da COP26 falham na neutralidade em carbono e na meta de manter o aumento da temperatura global em até 2º C.

O relatório indica ações em busca da neutralidade de carbono:
  • Diversificar o fornecimento de energia primária e final com todas as tecnologias de baixo e zero carbono;
  • Acelerar a eliminação gradual de combustíveis fósseis;
  • Aumentar a eletrificação de todos os setores com foco na energia renovável e na energia nuclear. Novas formas de armazenamento de energia (elétrico, mecânico, térmico e químico) precisarão ser desenvolvidas para reduzir a necessidade de backup energético;
  • Construir a capacidade para apoiar a inovação generalizada de tecnologias de baixo e zero carbono, incluindo sequestro de carbono, uso e armazenamento, Ccus, hidrogênio e energia nuclear avançada.

Ainda que as abordagens sejam diferentes no nível sub-regional na Europa, o relatório aponta políticas específicas para os governos. O documento também pede o aumento da transferência de tecnologia e a mobilização da capacidade institucional para dirigir sistemas de energia transformadores. Essas ações podem apoiar a adoção dessas medidas por todos os interessados para formar sistemas seguros e acessíveis neutros em carbono.

Os países devem também levar em conta o impacto comparativo das tecnologias. O relatório lembra que uma cooperação internacional coordenada é essencial para alcançar a neutralidade em carbono. A agência da ONU fornece uma plataforma para esses novos padrões, com regras e normas de um estilo de vida que integre essas mudanças em parcerias público-privadas.

Nesta semana, o Palácio das Nações, sede da ONU em Genebra, abriga a Semana da Energia Sustentável, que conta com representantes dos 56 países da Unece. O evento debate a formação de sistemas mais limpos de energia.

Os organizadores lembram que a Covid-19 foi apenas uma de uma série de crises enfrentadas pela região europeia, o que se traduz em desafios e expõe as vulnerabilidades dos sistemas energéticos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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